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    'Decisão de Risco' questiona a morte de inocentes por drones na guerra

    RODRIGO SALEM
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE LOS ANGELES

    07/04/2016 02h50

    Guerras sempre foram fonte de inspiração para a cultura pop. Há uma atração quase irresistível nos combates ideológico e físico dos Exércitos. E não está sendo diferente com o avanço bélico dos drones. Os aviões militares pilotados à distância têm sido temas de filmes ("Morte Limpa"), peças teatrais ("Grounded") e discos ("Drones", do Muse).

    O mais recente (e melhor) representante desta onda robótica estreia nesta quinta (7) no Brasil. "Decisão de Risco" é uma produção britânica, dirigida por um sul-africano, Gavin Hood ("Wolverine"), o que leva o longa a ser menos maniqueísta que projetos anteriores bancados nos EUA.

    Por baixo do velho dilema de "o sacrifício de um inocente é justificável para o salvamento de milhares?", o filme equilibra tensão política e o fascínio pelos drones –dos gigantescos carregadores de mísseis aos minúsculos, do tamanho de insetos.

    "O fascínio pelo tema é para compreender como as guerras estão mudando do combate físico para à microtecnologia", diz Hood à Folha. "O mundo está se tornando um campo de caça. Alvos importantes podem ser assassinados de longe. O que os políticos farão para controlar?"

    Munido de livros de pesquisa, o cineasta conta que se baseou em projetos que estão perto de virar realidade ou já em funcionamento.

    HUMANIZAÇÃO

    "Decisão de Risco", contudo, se segura na interpretação de Helen Mirren, como uma oficial britânica linha-dura. Ela quer destruir uma casa em Nairóbi que serve de ponto de encontro para terroristas prestes a explodir um shopping. O problema é que o ataque do drone (controlado nos EUA) envolve a possível morte de uma garotinha queniana nas proximidades.

    "Acho que o filme deseja que todos saiam do cinema se perguntando o que fariam nesta situação", crê Mirren. "Acho que eu seria uma covarde e deixaria a decisão para outra pessoa. É fácil quando os inimigos são anônimos e os militares tentam desumanizá-los, mas não é esse caso. Acho que foi o erro do último 'Star Wars'. Eles humanizaram um stormtropper. Sempre achei que fossem robôs, agora sei que são pessoas, com mães e pais. Não podem mais destruir a Estrela da Morte!"

    A atriz tem a ajuda de Alan Rickman, morto em janeiro passado, vítima de um câncer pancreático, no papel de um militar responsável pela ligação com os políticos da rainha. Os dois atuaram em estúdios diferentes: ele na Inglaterra, ela na África do Sul. "Não o encontrei desta vez, mas conhecia Alan há muito tempo e era um amigo querido", responde Helen Mirren. "Tenho certeza de que ficaria orgulhoso deste filme."

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