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    Coldplay mostra pop sem brilho e rock frouxo em show de pirotecnia

    THALES DE MENEZES
    DE SÃO PAULO

    08/04/2016 01h33

    Lucas Lima/UOL
    Grupo inglês Coldplay se apresenta no Allianz Parque, em São Paulo, nesta quinta-feira (7)
    O cantor Chris Martin à frente do Coldplay durante apresentação no Allianz Parque, em São Paulo

    As pessoas costumam dizer que o Coldplay quer ser o U2. Bobagem. O vocalista Chris Martin e seus colegas de banda querem mesmo é ser o Asa de Águia.

    O show que o grupo britânico fez na noite de quinta (7) no Allianz Parque, em São Paulo, foi uma micareta com roteiro em inglês. A preocupação era fazer todo mundo pular. Tarefa facílima. Na segunda música da apresentação, a baladona "Yellow", primeiro hit do grupo, de 2000, foi recebida com saltos ininterruptos. Por que os fãs saltavam feito loucos ao ouvir uma balada? Sei lá.

    É incrível como a banda piorou em cinco anos. No Rock in Rio de 2011, o Coldplay fez o melhor show do festival. Estava então divulgando um álbum muito bom, "Mylo Xyloto", e tinha na discografia apenas um trabalho fraco, "Viva la Vida" (2008).

    De lá para cá o Coldplay acrescentou dois lançamentos bem abaixo da média, "Ghost Stories" (2014) e o recente "A Head Full of Dreams" (2015). Boa parte do repertório da atual turnê, a quinta pelo Brasil, sai desses discos, o que derruba muito o show.

    Coldplay

    Mais do que isso, cada vez mais o pop está ganhando espaço no som da banda. Considerado um grupo de rock que flerta com o pop, o Coldplay de 2016 exibe dois problemas: o rock é pouco e frouxo, o pop é crescente, mas sem brilho algum. Taylor Swift já está soando mais rocker do que o quarteto inglês.

    Não há canções memoráveis no currículo da banda. Bem, dá para considerar "Yellow", "Clocks" e "Speed of Sound" hits com gabarito, mas é pouco para quase 20 anos de estrada. A música não é harmoniosa, é montada com pequenos truques sonoros para fisgar o ouvinte distraído e fazer o fã cantarolar.

    Os truques visuais, estes sim são impactantes: laser, canhões que disparam pedacinhos de papel laminado, muitos balões coloridos, fogos de artifício e as pulseiras eletrônicas que o público recebe para usar, mudando de cor o tempo todo e criando um manto de estrelas coloridas e piscantes pela pista e pelas arquibancadas.

    Com tanta cor e pirotecnia, o show fica maior do que realmente é. Falta música, mas sobra luz, cor e o clima de aula de ginástica. Martin manda o público pular, jogar as mãos para cima e, no momento mais ridículo da noite, convence todos a se agacharem no chão enquanto aguardam a ordem do mestre para saltarem num mesmo instante, algo que parece enlouquecer a plateia. Mas ela já deveria estar louca antes, para topar a brincadeira.

    As 45 mil pessoas em São Paulo amaram, como o mesmo tanto deve adorar o segundo e último show da turnê, neste domingo (10) no Rio, no Maracanã. São fãs tão alucinados que devem ter aprovado até a pavorosa versão de "Heroes" executada no show. Executada literalmente. David Bowie não merecia.

    COLDPLAY EM SÃO PAULO
    AVALIAÇÃO ruim

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