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    crítica

    Milionária, sequência de 'Branca de Neve' tem roteiro medíocre

    THALES DE MENEZES
    DE SÃO PAULO

    21/04/2016 02h43

    A questão principal sobre "O Caçador e a Rainha do Gelo" é: esse filme precisava ser feito? A resposta é não. E os motivos não se restringem à qualidade artística na tela.

    A lógica de Hollywood é implacável. Se um filme estoura na bilheteria e os personagens permitem uma outra trama, vamos a uma sequência. Neste caso, de "Branca de Neve e o Caçador" (2012).

    Só que esse não foi exatamente um blockbuster. A arrecadação de milhões nas bilheterias pode impressionar à primeira vista, mas a produção custou pelo menos a metade do valor que arrecadou.

    Com gastos de publicidade e impostos, um filme nos Estados Unidos precisa faturar pelo menos três vezes seu custo de produção para começar a dar lucro.

    A aposta então deve ter sido baseada no fortalecimento desse filão de histórias de contos de fadas que o cinema americano tem desconstruído nas últimas temporadas.

    O cartaz do filme traz a frase "Dos mesmos produtores de 'Malévola'". Não precisava avisar, está mais do que na cara. "O Caçador e a Rainha do Gelo" traz aquele visual sombrio, de fotografia escura e azulada que os produtores decidiram ser a moldura dessas recontagens de fábulas. Algo como Disney misturado com "Game of Thrones".

    A lista é grande. Além de "Branca de Neve", "Chapeuzinho Vermelho", "João e Maria" e "Cinderela", entre outros, ganharam um tom de aventura violenta, "adulta", com resultados irregulares.

    No caso de Branca de Neve, o filme teve seus méritos. Funcionava como trama de ação e aproveitava o bom momento de seus atores. Chris Hemsworth estava identificado como a versão carne e osso de Thor, dos Vingadores, e Kristen Stewart era conhecida de todos por "Crepúsculo".

    Nesta continuação, o elenco segue entupido de gente bonita. Hemsworth e Charlize Theron voltam. A atriz sul-africana, agora mais badalada depois do sucesso mundial de "Mad Max: A Estrada da Fúria", é de novo a rainha Ravenna. Como sua rival, Emily Blunt (de "Sicario") é a rainha Freya.

    Na guerra entre as beldades, Hemsworth é Eric, um dos caçadores que defendem Freya. Quem luta a seu lado é a caçadora Sara, papel da ruiva Jessica Chastain (de "A Hora Mais Escura").

    Mas não sai um roteiro memorável, e é isso que deve fazer as pessoas deixarem a sala de cinema um tanto decepcionadas. Pelo menos a parte do público que espera mais inteligência no gasto de milhões de dólares num filme.

    O CAÇADOR E A RAINHA DO GELO
    (The Huntsman: winter's war)
    DIREÇÃO: Cedric Nicolas-Troyan
    ELENCO: Chris Hemsworth, Emily Blunt, Jessica Chastain
    PRODUÇÃO: EUA, 2016, 12 anos
    QUANDO: estreia nesta quinta (21)

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