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    Crítica

    Em palco grande, Grimes decepciona com bailarinas

    LÚCIO RIBEIRO
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM OAKLAND

    22/04/2016 02h17

    A heroína indie eletrônica canadense Grimes tinha algumas opções para levar ao palco as músicas de seu elogiado álbum "Art Angels", o quarto de sua carreira, o segundo a realmente lançá-la de Vancouver para o mundo e um dos últimos belos discos a serem editados em 2015.

    Ou ela montava uma banda "orgânica" para dar vida a suas eletronices de estúdio, na linha de LCD Soundsystem e Hot Chip, por exemplo, ou seguia "pequena" e se mantinha atrás de uma mesa de sintetizador "tocando" seu som e botando sua voz de fada a serviço do chamado "dream pop" viajante.

    Mas ela foi forçada pelo seu sucesso a escolher um terceiro caminho, como foi visto na última quarta (20) no teatrão de Oakland, o Fox Theater, em nossa segunda visita ao local nesta semana para a série de shows californianos da nova música.

    A multitalentosa Claire Elise Boucher, a persona que se confunde com o projeto Grimes, cresceu muito de dois anos para cá, vende bem, toca nas rádios, foi adotada pela moda e acabou sendo empurrada aos grandes palcos. Seja o do Fox Theater ou os do festival Coachella, onde é uma das atrações principais neste sábado.

    LONGE DA MESA DE SOM

    E, para preencher um palco grande, Grimes optou por chamar um time de dançarinas e caprichar no cenário e nas luzes hipnóticas.

    O início do show é sintomático. As luzes se apagam, a plateia grita (2.800 pessoas esgotaram os ingressos para a apresentação de quarta há meses) e entra uma garota morena, que não é a loirinha Grimes, sob um som etéreo, fazendo movimentos que oscilam entre os da dança do ventre e os do Cirque du Soleil. Logo entra a canadense e duas outras bailarinas: uma negra e uma oriental.

    Os sintetizadores estão lá também, em duas mesas lindas ao fundo, mas Grimes, na maioria das vezes, apenas vai até eles no começo das músicas, para dispará-las apertando um botão e, em seguida, correr para frente do palco com o microfone para cantar e dançar.

    Da garota esquisita de cabelo descolorido que grita nos dois primeiros discos (ambos de 2010 e bem undergrounds) até a da apresentação de quarta em Oakland, é inegável que Grimes cresceu e apareceu, graças a seus dois últimos álbuns.

    O problema é que, além disso, pelo menos no que diz respeito a performances ao vivo, a garota anda fazendo escolhas erradas.

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