• Ilustrada

    Monday, 06-May-2024 19:22:55 -03

    Crítica

    'Em Nome da Lei' beira o nonsense e ecoa filmes comerciais triviais

    SÉRGIO ALPENDRE
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    24/04/2016 02h00

    Se a intenção era imitar a mediocridade do cinema comercial americano, O diretor até aqui se deu bem

    É cada vez mais frequente, no cinema brasileiro, a tentativa de emular o cinema de ação feito em Hollywood. A nova tentativa é "Em Nome da Lei", que tem bons atores e reverbera o atual momento político de nosso país.

    Neste filme de Sérgio Rezende, que de certo modo retoma a ambição de seu longa anterior, "Salve Geral" (acrescido de fortes pitadas de "Tropa de Elite 2", de José Padilha), temos homens da lei às voltas com o crime organizado na fronteira do Brasil com o Paraguai.

    Divulgação
    Cena do filme "Em Nome da Lei"
    Cena do filme "Em Nome da Lei"

    Obviamente, o lugar já é suficientemente explosivo para tirar o sono de quem busca a justiça. Mas o novo juiz, Vítor (Mateus Solano), com seus métodos arriscados, faz questão de dificultar as coisas, para desespero de seus aliados, a procuradora Alice (Paolla Oliveira) e Elton (Eduardo Galvão), comandante da Polícia Federal.

    O alvo de todos é o traficante Gomez (Chico Diaz, numa interpretação que é certamente o ponto alto do filme).

    Como Gomez manda na fronteira e nos políticos, a perseguição torna-se quase impossibilitada.

    Cheio de pistas falsas e personagens propositadamente caricaturais, o roteiro vai se revelando cada vez mais problemático, com soluções dramáticas que beiram o "nonsense".

    É bizarro, por exemplo, como os personagens vão se encaixando em categorias muito bem definidas, como se não refletissem a complexidade do ser humano.

    Nos grandes filmes de ação, o aparente maniqueísmo é bombardeado por grandes doses de ambiguidade, fazendo com que os papéis de mocinho e bandido não fiquem tão claros.

    "Em Nome da Lei" vai no sentido inverso, o de bombardeamento das ambiguidades. Assim, os personagens começam mais nebulosos e terminam rasos como num filme de ação trivial de Hollywood.

    Se a intenção era imitar a mediocridade reinante no cinema comercial americano, podemos até dizer que Rezende se deu bem. Se a intenção era fazer um bom filme de ação, a segunda metade do filme derruba as possibilidades que a primeira metade havia construído.

    EM NOME DA LEI
    DIREÇÃO Sérgio Rezende
    ELENCO Mateus Solano, Paolla Oliveira, Chico Diaz
    PRODUÇÃO Brasil, 2015, 14 anos
    QUANDO em cartaz
    AVALIAÇÃO regular

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024