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    tréplica

    Réplica de colunista faz defesa da hegemonia da libertinagem

    ROGÉRIO MARINHO
    ESPECIAL PARA A FOLHA

    06/05/2016 02h46

    Fico feliz em ter ensinado alguma coisa ao senhor Calligaris, colunista da Folha. Creio que seus estereótipos sobre o PSDB se desmancharam, e o prezado psicanalista percebeu que "a coisa deve ser mais complicada". Exato!

    Bem-vindo ao mundo real. A beleza da política consiste em sua diversidade de pensamento e de opinião. Nada, nesta tão importante esfera da vida, é simplório o suficiente para caber em clichês e conhecimentos meramente livrescos.

    Há muitas teses nas palavras do colunista que não fazem sentido, carecem de lógica e de conteúdo empírico. São palavras jogadas ao vento. Entrementes, peço licença para demonstrar o erro central de seu pensamento.

    O prezado acadêmico confunde cultura em sentido antropológico com ideologia em sentido político. Tal confusão obscurece seu raciocínio. Esclareço: ideologia é um conjunto de ideias manipuladas politicamente e impostas por meios coercitivos e institucionais. Cultura é conjunto de valores, crenças, moral, religiosidade e os conflitos entre esses valores construídos ao longo da história de uma sociedade ou civilização. O colunista escorrega ao misturar os conceitos, embora sejam básicos.

    Creio que a visão do senhor Calligaris sobre o marxismo é ingênua e descuidada. Uma atenta leitura de autores ideológicos dessa corrente de pensamento político mostrará que é um mantra mutante, revisado constantemente para permanecer ativo, ser instrumento de domínio e embuste político.

    Há pouca preocupação com a realidade no marxismo. Para os que estão intoxicados, conscientes ou não, os fatos são achatados para caber nas ideias. É uma rede de estratégias de alcance e manutenção de poder total.

    Dou exemplos: homossexuais já foram perseguidos duramente em países comunistas. Em Cuba, pessoas foram mortas por suas preferências sexuais, assim como na antiga URSS. Hoje, paradoxalmente, a ideologia de gênero é parte integrante da estratégia de esquerda para fragilizar os valores sociais no ocidente.

    Eles conseguem conciliar ateísmo com Teologia da Libertação. Pouco importa a lógica clássica. A esquerda e afins utilizam o conflito dos contrários, a tal da dialética, para mudar o mundo e não apenas para interpretá-lo. O segredo da manutenção desta ideologia é a sua plasticidade em incorporar ressentidos de todos os tipos possíveis, aguçar e inventar conflitos.

    A consciência de um intelectual orgânico pouco importa no jogo. Importa apenas que ele repita infinitamente a voz dos dominantes e a voz do partido. Esquerdistas não estão nem aí para o "proletariado", pouco se importam com trabalhadores. O mais desinformado dos homens já sabe disso perfeitamente, basta ver a realidade.

    No Brasil isto é claro e cristalino, ou o senhor Calligaris acha que o PT é realmente o partido protetor dos trabalhadores? O proletariado no marxismo é apenas uma coisa, um instrumento. É preciso estudar história. Há 50 anos a esquerda destroça Cuba. Há muito mais de 50 anos dominou parte da Europa e da Ásia, matando milhões de pessoas.

    Mais de 1 bilhão de chineses vivem sem livre arbítrio, massacrados pelo Partido Comunista. Atualmente, a Coreia do Norte chantageia o mundo, e nossos vizinhos Equador e Venezuela padecem sob o regime bolivariano. A conversa mole e apressada de que marxismo é ideologia morta não passa de prova cabal de que o colunista é o mais perfeito intelectual orgânico.

    Fiquei um tanto chocado com a visão do senhor Calligaris sobre cristianismo e sobre o Brasil. É preciso sair do divã e conhecer o povo brasileiro, sem preconceitos intelectuais pueris. A religiosidade é atávica ao humano e, em especial, ao brasileiro. Não haveria o país sem cristianismo, e isto é elementar. Nenhum relativismo moral ignóbil e gerado pela arrogância pode substituir a fé do brasileiro.

    Em tempo, fica claro que o colunista luta por uma hegemonia, segundo o mesmo, a da libertinagem. Ora, não me interesso pelo que as pessoas fazem entre quatro paredes. Aprendi desde cedo a respeitar a liberdade dos indivíduos.

    Não há cristianismo sem livre arbítrio, e não há liberdade sem responsabilidade. Portanto, dispenso os detalhes explicitados sobre sua própria conduta. Definitivamente não me interessam em nada. Não estou preocupado se o colunista vai "correr com os lobos e as lobas, transar com os travestis ou casar com transexual".

    Luto contra a imposição covarde de valores ideológicos esdrúxulos feita nas escolas, nos livros didáticos e em todos os meios possíveis.

    Respeito os indivíduos, a família e a cultura do meu país. Quero a espontaneidade da cultura nacional e nunca a imposição de hegemonias. Espero que o colunista tenha me entendido. Abraços fraternais e que Deus nos abençoe.

    ROGÉRIO MARINHO é deputado federal do Rio Grande do Norte pelo PSDB

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