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    Jô Soares dirige peça sobre encontro surreal entre Freud e Dalí em Londres

    GUSTAVO FIORATTI
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    06/05/2016 02h04

    O pai da psicanálise, Sigmund Freud (1856-1939), está com 83 anos, e o pintor surrealista Salvador Dalí (1904-1989), com 34. "Histeria", peça que Jô Soares traz ao palco a partir de sexta (6), recria em tom de farsa o encontro histórico dessas duas personalidades em Londres, em 1938.

    O texto foi escrito em 1993 por Terry Johnson, dramaturgo britânico habilidoso com diálogos. A ideia de encenar a peça ficou engavetada por 14 anos. Jô conta que assistiu a uma encenação dirigida por John Malkovich, durante uma passagem por Paris, em 2002.

    Em 2016, acabou vencendo outros projetos que o apresentador mantém numa pasta digital chamada "gaveta", onde deposita também textos de Shakespeare e Ionesco.

    "Não sei por que resolvi encenar agora", diz. Encontrar uma razão não parece fundamental, reitera, buscando consonância com uma peça de atmosfera levemente absurda. "Não me motivei, por exemplo, por um momento político. Mas o acaso de abrir uma pasta, inclusive do ponto de vista da psicanálise, é..."

    Jô estava na iminência de fazer uma relação entre os mistérios da psique e a imagem de um artista que decide abrir uma pasta chamada "gaveta". Mas para e diz que nunca se interessou por "deitar no divã". Relembra uma frase que atribui a Fellini: "Não quero conhecer meus mistérios".

    Como "todo artista", diz, considera-se inseguro, cheio de suspeições. "Então nunca tive a vontade de fazer... [interrompe-se de novo]. Acho que análise você faz quando tem vontade, não por modismo."

    Essa conversa pode soar meio louca, um pouco fantástica, mas combina com o estranhamento retratado na peça. Freud (Pedro Paulo Rangel) está à beira da morte, debilitado por um tumor na garganta. A visita de Dalí (Cassio Scapin) vai reforçar a sensação de delírio, materializada, em cena, pela imagem de caracóis, interesse do pintor.

    Há também um médico judeu (Milton Levy) tentando convencer Freud a não publicar um livro que nega a figura religiosa de Moisés e uma mulher que sai de um armário (Erica Montanheiro) para reclamar a relação que Freud faz entre a histeria e abusos sexuais que seus pacientes teriam sofrido na infância.

    HISTERIA
    DIREÇÃO Jô Soares
    ONDE teatro Tuca, r. Monte Alegre, 1.024, tel. (11) 3670-8455
    QUANDO sex. e sáb., às 21h; dom., às 19h; até 31/7
    QUANTO R$ 50 a R$ 70 (14 anos)

    Edição impressa

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