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    Garbage lança disco com uma declaração contra o pop de hoje

    NATÁLIA ALBERTONI
    DE COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    09/05/2016 02h15

    Um disco sombrio para tempos sombrios. Este era o saldo que o Garbage buscava quando começou a produzir "Strange Little Birds", com lançamento previsto para o dia 10 de junho, no iTunes (US$ 9,99, cerca de R$ 35).

    "Ao ligar o rádio, tudo o que ouvimos é uma música pop animada e estridente. É totalmente incoerente com o que está rolando no mundo neste momento. Quase beira à insanidade", diz a vocalista Shirley Manson, 49, em entrevista à Folha.

    Fazendo um contraponto à era dançante e festiva de Justin Bieber e de outros "divos" do pop chiclete moderno, a banda norte-americana de rock alternativo queria soar como uma pessoa real. "Hoje, ninguém quer ser adulto, assumir seus medos, erros e defeitos", reflete.

    MacCosmetics/Divulgação
    Shirley Manson, vocalista do Garbage FOTO MacCosmetics/Divulgação ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
    Shirley Manson, vocalista do Garbage

    O sucessor de "Not Your Kind of People" (2012) não teme tocar nas próprias feridas. É soturno como os anteriores –mas um pouquinho mais. Divaga sobre frustrações, incertezas e "dias perigosos nos quais matamos as coisas que mais amamos" ("Even Though Our Love Is Doomed").

    Poderia servir de trilhas sonoras de séries de zumbis ("Sometimes"). Dramas fofos com protagonistas perturbados também encontrariam pano de fundo ("We Never Tell").

    O grupo formado ainda por Steve Marker, Duke Erikson e Butch Vig foca a performance e não as máquinas. "Este é um disco maduro de uma banda madura. Não poderia ter sido feito por crianças", diz Manson.

    GUITARRAS SOMBRIAS

    Ir na contramão do que está sendo produzido foi intencional ao menos em parte. Cansada de escutar histórias sobre a morte do rock (e discordar delas), Shirley decidiu focar o que ela e os outros integrantes gostam de ouvir: guitarras sombrias. "De certa maneira, o álbum é uma rebelião contra a esse tipo de retórica que tivemos de escutar nos últimos anos", conta.

    Com turnê anunciada por Estados Unidos e Europa, o Garbage ainda não prevê datas para o Brasil, mas está entusiasmado com a possibilidade de voltar ao país após passagem em 2012, pelo extinto Planeta Terra.

    Para a leva de apresentações a começar no fim de maio, não há superprodução. "Quando vou a um show hoje é quase como se eu fosse à Broadway assistir a um musical. Nós não invocamos convidados famosos para dividir o palco. Não usamos efeitos. Não conseguimos competir com as performances com as quais estamos acostumados hoje", diz Manson. "Somos nós quatro no palco tocando".

    Uma declaração antipop? "Sim, uma declaração de intenção. Nós temos nossa voz. Você ame ou odeie. Neste mundo, se você não tem uma identidade e não defende o que acredita, acaba afogado."

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