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    Em novo filme, Paulo Betti vive professor obcecado pela aluna

    GUILHERME GENESTRETI
    DE SÃO PAULO

    09/05/2016 02h25

    Faz um calor de quase dezembro no interior de um dos andares abandonados do Hospital Sorocabana, na Lapa, zona oeste de São Paulo. Feito zumbis, uma dezena de figurantes caminha pelos corredores vazios com maquiagens que recriam ferimentos.

    "Não precisa dar essa puxadinha de canto de boca, viu? Faz uma cara de ternura só", ordena o diretor Alain Fresnot, metade de um charuto na mão, para uma das atrizes no set de seu novo filme, "Uma Noite Não É Nada".

    Aline Arruda/Divulgação
    Set - Bastidores das filmagens do longa-metragem 'Uma Noite Nao e Nada', de Alain Fresnot. Elenco: Paulo Betti, Luiza Braga, Claudia Melo Foto: Aline Arruda **** OBRIGATORIO O USO DE CREDITO WEB OU IMPRESSO *****; ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
    Luiza Braga e Paulo Betti no set de filmagens de 'Uma Noite Não e Nada' com o diretor Alain Fresnot

    O ator Paulo Betti, que acabara de gravar suas cenas do dia, aguarda na sala ao lado. Ele é o protagonista do filme: um professor que se apaixona por uma de suas alunas, infectada pelo vírus da Aids, na década de 1980 em meio ao surgimento da doença.

    O filme ainda não tem data fechada para lançamento

    "Achei intrigante essa loucura dele", diz o ator à Folha. Loucura, porque na trama o professor se contamina com o sangue da aluna no afã de ficar mais próximo dela, pondo em risco o seu casamento já morno com Januária (Claudia Mello). "Me interessava trabalhar com a ideia da loucura e do suicídio", continua Betti.

    Por causa do tema pesado, diz, o ator não tem visto suas cenas depois de filmadas. "Encarar isso me deprime", diz o intérprete, que se lembra do primeiro caso de Aids que soube: aquele que acometeu Luiz Roberto Galízia, ator do grupo de teatro Ornitorrinco, em 1985. "Um dia ele não apareceu mais, e foi um choque."

    Para Fresnot, que escreveu o roteiro há 15 anos, o longa trata do modo masculino e do modo feminino de amar. Agostinho (Betti) "leva às últimas consequências uma paixão alucinada". Januária nutre "amor-compaixão por ele".

    "Uma Noite Não É Nada" repete o clima denso de "Desmundo", dirigido por Fresnot em 2002. "Ele aprofunda essa minha busca pelo naturalismo", diz o diretor, também conhecido por "Ed Mort" (1997) –comédia não muito naturalista, mas que já trazia Paulo Betti como protagonista.

    "O Paulo Betti é a minha sina", brinca o diretor Fresnot.

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