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    CRÍTICA

    Personagens mal desenvolvidos prejudicam 'Amores Urbanos'

    ALEXANDRE AGABITI FERNANDEZ
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    19/05/2016 02h22

    Rodado com poucos recursos, o primeiro longa de Vera Egito –corroteirista de "Serra Pelada", ao lado de Heitor Dhalia– é uma espécie de crônica sobre algo que ela conhece muito bem: as relações interpessoais entre amigos da classe média paulistana na faixa dos 30 anos.

    A história gira em torno de Júlia (Maria Laura Nogueira), Diego (Thiago Pethit) e Micaela (Renata Gaspar), que moram no mesmo prédio. Júlia chegou aos 30 anos como estagiária. Diego parece se dedicar quase que exclusivamente às noitadas e aos flertes, por isso acaba sendo pressionado pelo namorado, que quer uma relação monogâmica. Micaela (Renata Gaspar) namora a atriz e diretora de teatro Eduarda (Ana Cañas) há um ano, mas esta não tem coragem de assumir a relação.

    Divulgação
    Maria Laura Nogueira (à esq.), Renata Gaspar e Thiago Pethit em cena de "Amores Urbanos", de Vera Egito ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
    Maria Laura Nogueira (à esq.), Renata Gaspar e Thiago Pethit em "Amores Urbanos", de Vera Egito

    Júlia pertence à classe média mais abastada, ganhou o apartamento em que mora dos pais. Por outro lado, Diego e Micaela são de uma classe média menos acomodada, pois dividem o aluguel.

    Os três estão sempre juntos. Como acontece com muitos jovens dessa idade, estão numa adolescência que não termina nunca. Bebem muito, e pensam pouco. Convivem intensamente, mas isso não ameniza a sensação de superficialidade.

    Dos três, o personagem mais desenvolvido é o de Júlia, que está descontente com o estágio, sofre pressão da mãe para arrumar um emprego e quer superar um namoro fracassado. Mas ela é ingênua demais com os rapazes.

    Diego acaba revelando um delicado conflito com o pai, que não aceitou sua homossexualidade, anos atrás. Mas não sabemos como ele ganha a vida e o que quer da vida além de namorar freneticamente.

    Micaela é a mais rasa, pois só existe em sua conturbada relação com Eduarda e para dar apoio moral aos dois amigos quando precisam.

    O contexto é verossímil, os diálogos são convincentes, mas falta fôlego aos personagens. Suas angústias e conflitos estão bem colocados, mas não rendem o que poderiam.

    AMORES URBANOS
    DIREÇÃO Vera Egito
    ELENCO Maria Laura Nogueira, Thiago Pethit e Ana Cañas
    PRODUÇÃO Brasil, 2015, 14 anos
    QUANDO estreia nesta quinta (19)

    Edição impressa

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