• Ilustrada

    Sunday, 05-May-2024 17:39:49 -03

    Diretor de 'Drive' mostra terror fashion no Festival de Cannes

    GUILHERME GENESTRETI
    ENVIADO ESPECIAL A CANNES

    20/05/2016 08h49

    O cineasta dinamarquês Nicolas Winding Refn, dos hiper-masculinos "Drive" (2011) e "Só Deus Perdoa" (2013), coou a testosterona em seu novo longa, "Neon Demon", terror feminino ambientado no mundo da moda que estreou na competição oficial do Festival de Cannes.

    "É um filme sobre encontrar a garota de 16 anos que existe dentro de cada homem", disse Refn na coletiva que se seguiu à apresentação do filme. A garota em questão é a personagem principal do filme, a adolescente Jesse (Elle Fanning), aspirante a modelo no mundinho fashion de Los Angeles.

    O horror fica por conta da dupla de modelos que invejam a ascensão de Jesse e a perseguem com instinto homicida, e do personagem de Keanu Reeves, o psicótico dono do motelzinho sujo em que vove a protagonista.

    "Neon Demon" guarda algumas das marcas do diretor: as cores super-saturadas, os planos hiper-estilizados e a trilha sonora marcante à base de sintetizadores. Mas com uma boa dose de terror gore: não falta sangue escorrendo nos corpos lisinhos das modelos do filme e uma cena de necrofilia.

    "Morte e sexo ficam como uma coisa só", disse Refn, que procurava fazer um filme sobre a obsessão pela beleza. "Construo as cenas de forma instintiva. Sexualizo tudo o que há em volta, pensando no que me excita. Los Angeles é uma cidade eroticamente perigosa."

    "Neon Demon" foi mal recebido pelos jornalistas que lotaram a sessão de imprensa: muitos abandonaram a projeção. Quem resistiu vaiou -um dos três longas da competição mal recebidos em Cannes; os outros dois foram "Personal Shopper", de Olivier Assayas, e "The Last Face", de Sean Penn.

    Apesar da recepção negativa do filme, contudo, Refn se firma como um dos diretores dinamarqueses de obra mais marcante do cinema atual -o que inevitavelmente desperta comparações com o conterrâneo Lars von Trier.

    "Lars, Lars, Lars", Refn balançou a cabeça, rindo. "A última vez que o vi ele estava tentando convencer minha mulher a transar com ele. E eu disse: vá se foder."

    O jornalista GUILHERME GENESTRETI se hospeda a convite do Festival de Cannes

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024