Diante de uma praça Júlio Prestes lotada, Ney Matogrosso abriu a Virada Cultural deste ano vestindo uma legging prateada, um colete de penas pretas e uma peruca metalizada.

O show começou com "Rua da Passagem" e engatou na sequência "Vida Louca Vida", para o delírio do público. Ney logo anunciou uma troca de figurino dizendo que ia ali "tirar uma roupinha".

Tirando o colete de penas e revelando uma regata mínima e transparente, Ney cantou "Roendo as Unhas" rebolando em ritmo frenético e arrancando uivos da plateia.

Na balada "Noite Torta", o público se acalmou, embora uns mais entusiasmados lembrassem cada verso da música de Itamar Assumpção. O show seguiu na mesma temperatura, ou fase azul, com "A Ilusão da Casa".

Durante a apresentação de "Two Naida Fifty Kobo", uma parte do público à direita do palco levantou uma faixa dizendo "fora, Temer", e logo um sonoro coro começou.

Ney se manteve indiferente ao protesto, e emendou com "Freguês da Meia Noite", aquela dos versos "meia-noite/ em pleno largo do Arouche/ em frente ao mercado das flores", diante de um telão vermelho sangue escrito "love".

"Não Consigo", que Ney cantou na borda do palco, intensificando o rebolado, foi um dos pontos altos do show, fazendo o público, àquela altura espremido na praça, dançar junto.

Ele encerrou o show às 19h em ponto, evitando conversar com a plateia. Voltou para o bis em menos de cinco minutos e cantou "Amor" e "Poema". Depois mudou o tom de fossa e cantou "Ex-Amor", de Martinho da Vila, acompanhado pelos fãs a cada verso.

Sem o deslumbramento visual típico dos shows do cantor, a apresentação na Virada, aliás, foi sintética e direto ao ponto, com alguns efeitos de luz e toda a atenção centrada no corpo, no figurino e na voz de Ney, aqui a estrela absoluta.