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    Cânticos contra Temer embalam primeiro dia da Virada Cultural

    DE SÃO PAULO

    21/05/2016 20h28 - Atualizado às 11h51

    Durante uma pausa das reboladas frenéticas de Ney Matogrosso, o público reunido na praça Júlio Prestes puxou um sonoro coro de "Fora, Temer".

    Protestos contra a presidência interina do peemedebista deram o tom da Virada Cultural neste sábado (21). O evento teve hoje seu primeiro dia de programação a todo vapor, após "esquenta" em menor escala, no centro, na noite de sexta (20).

    A madrugada foi tranquila, segundo a Polícia Militar, que diz ter registrado cerca de 17 ocorrências de roubo. A mais grave delas é a de uma mulher esfaqueada após confusão no show de Elza Soares, à 1h.

    Apesar do delito, policiais ouvidos pela Folha afirmaram que esta Virada tem sido mais calma do que as anteriores, com apenas alguns casos de embriaguez.

    A ideia de descentralizar as atrações, com shows em várias bairros, era justamente para diminuir os casos de violência.

    Antonio C. Dominguez/Folhapress
    Grupo usa estêncil para gravar frase "Temer Jamais" em camisetas durante Virada Cultural 2016
    Grupo usa estêncil para gravar frase "Temer Jamais" em camisetas durante Virada Cultural 2016

    Nas proximidades da Júlio Prestes, políticos, como o deputado Ivan Valente (PSOL-SP) e o ex-secretário Nacional da Juventude no governo Dilma Rousseff, Gabriel Medina, participaram de pequeno protesto contra Temer, junto a cerca de 20 pessoas do coletivo Arrua.

    As manifestações de insatisfação política não se limitaram aos gritos. Durante entrada ao vivo de repórter da Globo no "SPTV", parte do público da Virada Cultural levantou cartazes com "Temer jamais!"

    Na avenida Duque de Caxias, a cerca de cem metros do palco da praça Júlio Prestes, integrantes do coletivo Arrua, ligado a Gabriel Medina, pintavam gratuitamente a frase "Fora Temer" nas camisetas do público.

    A apresentação da Parada Antropofágica, comandada pelo diretor do Teatro Oficina, Zé Celso, também não escapou, e viu frases contra o governo Temer e a imprensa —"Jamais Temer!" e "Mídia omite, o povo grita— serem projetadas nos prédios em torno do trio elétrico dos blocos Tarado Ni Você e Pau Brasil.

    Fora, Temer

    No palco localizado na praça da República, militantes do acampamento "Fora Temer", instalado há 24 dias no local, vendiam cerveja para arrecadar fundos para o movimento. Autorizados pela prefeitura a vender a bebida durante a Virada, também juntavam latinhas para reciclagem.

    A líder do acampamento, Juciara Araújo, 30, diz que aproveitarão o evento para divulgar o protesto. Segundo ela, um grupo iria conversar com o público do evento. "O nosso ato é de resistência. Não reconhecemos o governo Temer", afirma Juciara, que é membro da Frente Brasil Popular.

    Maurício Meireles/Folhapress
    Plateia do show de Ellen Oléria na Virada Cultural 2016 levanta cartazes de "Golpistas não passarão" e "Nem recatada nem do lar"
    Plateia do show de Ellen Oléria levanta cartazes de "Golpistas não passarão" e "Nem recatada nem do lar"

    Durante o show de Ellen Oléria no palco São João, a cantora gritou "O MinC é nosso, o Prouni é nosso, a Secretaria das Mulheres é nossa, a Secretaria de Igualdade Racial, tudo nosso. Nada disso foi presente. Isso é fruto de luta, muito sangue derramado. Não daremos um passo atrás!". Ela foi ovacionada pela plateia, que respondeu com gritos de "Não vai ter golpe e "Fora, Temer", além dos próprios cartazes, nos quais se lia "Temer jamais", "Golpistas não passarão", "Nem recatada nem do lar" e "Não tema, perturbe o golpe".

    O show dos "Mestres da Soul", na madrugada deste domingo, também teve manifestação política. Angélica Sansone, da banda Black Rio, foi recebida por um público que pedia a saída de Temer. "O que falar desse cara?", disse a cantora. Atrás dela, um telão exibia a mensagem "Fora Temer".

    No Largo do Arouche, já pela manhã, Luiz Caldas se despediu sem críticas políticas. O público presente, porém, gritava palavras de ordem contra o presidente interino.

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