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    virada cultural 2016

    'Fora quem não presta', diz Elza Soares em show lotado na Virada

    SILAS MARTÍ
    DE SÃO PAULO

    22/05/2016 00h51

    Sentada como uma rainha num trono, seu enorme vestido de plástico preto se desdobrando pelos degraus montados em cima do palco, Elza Soares começou seu show nesta Virada Cultural com meia hora de atraso, abrindo com "A Mulher do Fim do Mundo", faixa-título de seu álbum mais recente.

    Num dos pontos altos do show, Elza cantou "A Carne", aquela dos versos "a carne mais barata do mercado é a carne negra", rodeada de dançarinos negros descamisados, que se sentavam sobre as abas de sua saia.

    "Não é a mais barata, a carne negra", gritava a cantora, em meio aos refrões, levando o público à loucura. "Eu quero democracia, quero direitos iguais, democracia, democracia, democracia. Fora quem não presta", ela repetia como um mantra.

    Depois da primeira música, Elza pediu gritos do público. "Vamos fazer barulho nesta cidade", dizia. "Barulho, barulho, barulho." Na sequência, vieram "O Canal" e "Luz Vermelha", duas das composições mais fortes e sombrias de seu mais novo disco.

    Uma multidão se espremia da boca do palco até o meio da avenida por alguns quarteirões. Antes do início do show, a equipe da cantora havia puxado um coro "fora, Temer" e cantado "golpistas não passarão" durante testes de microfone.

    Dos dois lados do cercadinho VIP, houve protestos contra o governo do presidente interino —uma enorme faixa dizendo "vaza, Temer" tremulava sobre o público mais perto do palco.

    Em reação a gritos contra Temer, a cantora fez um discreto "joinha" com a mão direita, sem quebrar a expressão de enfezada.

    Logo antes de cantar "Maria da Vila Matilde", seu hino contra a violência doméstica que começa com o já viralizado verso "cadê meu celular, eu vou ligar no 180", a cantora fez um alerta à plateia, dizendo ser esse um assunto muito sério.

    Depois do momento de militância política, Elza engatou a explícita "Pra Fuder", escrita por Kiko Dinucci, também provocando comoção na plateia, que dançava e cantava.

    Ancorado no repertório forte e hiperpolitizado de seu último disco, Elza Soares fez uma das apresentações mais concorridas da Virada, o público cantou junto. Havia empurra-empurra perto do palco e invasões do cercadinho VIP em frente ao palco eram frequentes.

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