Mesmo com fraturas nos dois cotovelos, na clavícula e nas costelas, causadas por um acidente de bicicleta, Chico César colocou o Jardim Helena para dançar na Virada Cultural. Ele subiu ao palco às 23h, uma hora após o previsto.

Entre as primeiras músicas, o cantor disse que fez questão de comparecer ao evento porque não sabia quando teria outra oportunidade de se apresentar no bairro, no extremo leste de São Paulo: "Estou feliz de estar aqui. Afinal, a gente canta mesmo é com a alma."

A música que mais esquentou o público no tempo frio e com névoa foi "Mama África", um dos hits mais conhecidos do cantor. Ele também tocou músicas de "Estado de Poesia", seu álbum mais recente.

Esta é a primeira Virada Cultural realizada no Jardim Helena. Para Adalberto de Sousa, subprefeito de São Miguel Paulista e um dos responsáveis pela organização do evento, é uma chance de trazer visibilidade positiva e cultura para o bairro.

"Nós trouxemos o show para a periferia da periferia", afirma.

Para a empregada doméstica Graziela Souza, 29, o show foi uma chance de ver algo diferente na região. "A gente está achando legal porque aqui não tem muito lazer. Deveria ter mais divertimento para a população."

O sofá, que geralmente fica no quintal de Graziela, foi estrategicamente posicionado a poucos metros do palco. Sentados na poltrona improvisada, ela e seus amigos assistiam confortavelmente à apresentação. "Ouço muito às músicas do Chico César. Acho legal ele ter vindo cantar mesmo machucado", diz.

Na roda de amigos, um narguilé era passado de mão em mão -fato que se repetia em vários pontos do show. Era comum também ver pessoas chegando e indo embora do evento de bicicleta.

O clima no Jardim Helena era família. O mecânico Claudinei Valetim, 45, levou a neta Heloísa ao seu primeiro show. "Foi tranquilo trazê-la porque a gente é do bairro mesmo. Além disso, tem bastante policiamento em volta e a estrutura está boa", diz.

Ao final da apresentação, que durou aproximadamente uma hora, Chico César declarou: "Esse show foi um curativo para mim."

Segundo a Polícia Militar, o público era de cerca de 500 pessoas.