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    virada cultural 2016

    Mano Brown deixa pancada sonora de lado e expõe lado romântico na Virada

    RODOLFO VIANA
    DE SÃO PAULO

    22/05/2016 05h15

    Com 18 anos completos em dezembro, pouco mais de 1,50m de altura e porte delicado de filha de família de comercial de margarina, Daniele Regina jura que é segurança. Mas hoje não faz expediente: está no Centro Cultural da Cidade Tiradentes, a 41 quilômetros do palco Júlio Prestes, o epicentro da Virada Cultural, apenas para fazer uma foto "bem pertinho com Mano Brown".

    "Não quero beijar nem nada, só uma foto, por favor, por favor", implora à colega de profissão para entrar na área restrita. Sem sucesso.

    A devoção por Mano Brown apenas aumenta, diz, agora que ele está numa fase "sentimental".

    No show de domingo (22), o líder dos Racionais MC's deixa de lado as pancadas sonoras que o consagraram –como "Negro Drama" e "Diário de Um Detento", dois clássicos do rap nacional– para apresentar uma veia romântica.

    Às 2h24 –com mais de uma hora de atraso, sua tradição–, Mano sobe ao palco com "Gangsta Boogie", um rap gingado com batida soul, a primeira de tantas que falam sobre sentimentos e sensualidade.

    Com "Mulher Elétrica" nas caixas de som, Mano reafirma a aposta em canções com batidas mais dançantes e letras "de arrochamento", diz. "Essa vai para todas as mulheres negras nesta noite fria de São Paulo."

    A pegada romântica em levada soul de Mano Brown é inspirada em Tim Maia, Marvin Gaye, Carlos Dafé e outros grandes, diz ele durante o show. E estará em disco em novembro, quando chega às lojas" Boogie Naipe", com 15 canções de soul e 15 de rap.

    Mas, para o músico de 46 anos, estar emotivo não se traduz apenas em demonstrar afeto. Também serve para contestar o Brasil hoje.

    "Tá faltando um pouco de sensibilidade. Tanta violência não impediu que a gente tomasse um golpe", diz, em referência ao afastamento da presidente Dilma Rousseff.

    "Acho que a juventude tem um futuro lindo. Mas por enquanto vocês vão ter que conviver com um governo de ladrões. Tomamos um golpe. O seu voto não valeu nada." Em seguida, emenda "Amor Distante".

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