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    Gestor da Funarte se nega a dialogar com novo ministro da Cultura

    JOÃO PEDRO SOARES
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO

    22/05/2016 15h40

    Ricardo Borges/Folhapress
    Rio de Janeiro, RJ, Brasil. 06/03/2015; Retrato do novo presidente da funarte, Francisco Bosco, 38. ( Foto: Ricardo Borges/Folhapress ) *** EXCLUSIVO FOLHA ***
    O presidente da Funarte, Francisco Bosco

    O novo ministro da Cultura, Marcelo Calero, constatou na página de Francisco Bosco em rede social que já precisa pensar em outro nome para comandar a Funarte (Fundação Nacional das Artes).

    Na sexta-feira (20), Francisco Bosco, atual presidente da Funarte, escreveu em sua página no Facebook que foi procurado por Calero e decidiu expor o teor da conversa. Bosco disse que se negou a dialogar com o representante escolhido pelo presidente interino Michel Temer para conduzir a política cultural do governo.

    Afirmou que, embora avalie positivamente a gestão de Calero à frente da Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro, não há como "conversar com alguém que pactua com um governo que derrubou o governo anterior de forma ilegal e ilegítima".

    Alan Marques/Folhapress
    O presidente interino Michel Temer (PMDB) apresenta o novo secretário nacional de Cultura, Marcelo Calero
    O presidente interino Michel Temer (PMDB) o ministro de Cultura, Marcelo Calero

    O presidente da Funarte disse que dialogar com o atual governo significaria aceitar sua legitimidade. "Esse governo eu não reconhecerei nunca (...) não posso nem mesmo lhe desejar boa sorte, já que meu único desejo e minha única luta é para que esse governo caia", escreveu Bosco.

    Ele classificou como oportunistas os artistas que defendem a existência do MinC "com uma argumentação completamente destituída do contexto político mais amplo e do sentido político do ministério".

    Disse ainda que a luta pela valorização do ministério não pode ser encarada de forma isolada. "Um MinC para financiar as velhas elites lobistas é tudo que não precisamos (...). A luta pelo MinC não pode ser separada da luta contra o golpe e da luta por uma sociedade profundamente democrática", finalizou.

    Bosco se antecipou a eventuais críticas e justificou, no texto, seu direito de tornar pública a iniciativa de Calero: "Hesitei em postar isso porque geralmente repudio a publicização de conversas privadas; mas nesse caso penso que tenho o direito de tornar público o meu posicionamento político".

    Calero entrou em contato com Bosco ainda como Secretário Nacional de Cultura, antes da recriação do MinC anunciada neste sábado (21).

    Procurado pela Folha, o ministro Marcelo Calero não comentou especificamente a mensagem de Bosco, mas, em nota, disse que o governo quer manter o diálogo com os mais diversos setores da classe artística. "Com a contribuição dos servidores do MinC, estamos preparados para os desafios e entusiasmados com a missão de preservar conquistas, aprofundar políticas exitosas e criar novos programas, observados, sempre, os contornos de uma gestão republicana e eficiente", escreveu Calero.

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