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    Estreia de Marina Melo é feita de faixas doces rumo ao apocalipse

    THALES DE MENEZES
    DE SÃO PAULO

    24/05/2016 02h02

    Eduardo Knapp - 9.mai.2016/Folhapress
    Sao Paulo, SP, Brasil, 09-05-2016 12h30: Retrato da cantora Marina Melo em casa no Jd Europa. Marina lanca seu primeiro CD (foto Eduardo Knapp/Folhapress.ILUSTRADA). Cod do Fotografo: 0716
    A cantora Marina Melo em casa, em São Paulo

    O título "Soft Apocalipse" cai bem. Porque o disco de estreia da paulistana Marina Melo vai de uma canção docinha ao rumo de uma quebradeira sonora. Um álbum agradavelmente inclassificável.

    As 13 faixas autorais surpreendem por já rascunharem uma identidade. "A última música do disco, 'Desditos', é a primeira que eu compus, em 2012. Desde então eu componho, não de uma forma compulsiva, mas componho", conta Marina, 25, à Folha.

    O álbum começou a tomar forma em 2014, quando ela e o produtor Gabriel Serapicos esboçaram os primeiros arranjos. As gravações vieram um ano depois. É curioso descobrir que o trabalho de Marina só engrenou quando ela "desistiu" de ser cantora.

    "Sou formada em pedagogia na USP, mas sempre estudei música. Achava que seria cantora, mas não dava muito para a coisa. Quando escrevi a primeira música, descobri que era compositora, achei meu lugar. Nem consigo me ver como intérprete, não consigo dizer que sou cantora."

    Mais jovem, Marina ouvia os discos que seus pais também escutavam. "Era MPB. Mas vi que nunca daria conta de conhecer as discografias dessas pessoas, que são muito longas. Elas começaram antes de eu nascer", diz, referindo-se a medalhões nacionais.

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    Ela conta que, quando começou a fazer música, passou a ficar ligada nos artistas que estão produzindo agora, em carreiras que estão começando. "A Tulipa Ruiz é uma grande referência. Tem também o Apanhador Só, do Rio Grande do Sul, que acho fantástico."

    O disco, no entanto, tem a participação de Zeca Baleiro, que está no meio do caminho.

    Talvez a maior surpresa de "Soft Apocalipse" seja a qualidade das letras. Vão do insólito de "Valsa da Barata", que fala de alguém que está cantando e não pode parar, mesmo com uma barata no cabelo, ao tema recorrente do amor, caso de "Além de Feio".

    "Dever Cívico" e "Laura" têm ligação direta com o cotidiano. A primeira fala da crise hídrica em São Paulo. A segunda, bem rock and roll, foi composta quando as redes sociais foram tomadas pelas revelações de primeiros assédios sofridos por mulheres.

    Sobre ser "antena" do que ocorre, Marina diz que sente necessidade de compor assim. "Mas desde que não force a barra. Adoraria fazer mais isso, mas não vou ficar tentando o tempo todo", diz.

    A cantora deve lançar o álbum em um show no Centro Cultural Rio Verde, em São Paulo, no final de junho. Até lá, segue divulgando as canções por canais digitais. "Espero fazer outro disco depois, mas há muitos jeitos de levar minha música para frente. Não quero parar de compor."

    SOFT APOCALIPSE
    ARTISTA Marina Melo
    GRAVADORA independente
    QUANTO R$ 25; disponível no Spotify, Deezer, SoundCloud e GooglePlay

    Edição impressa

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