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    Disco de Lô Borges e Samuel Rosa elimina décadas entre os músicos

    THALES DE MENEZES
    DE SÃO PAULO

    01/06/2016 02h21

    Adriano Vizoni - 5.abr.2016/Folhapress
    SAO PAULO - SP - BRASIL, 05-04-2016, 16h20: SAMUEL ROSA E LO BORGES. Musicos mineiros de geracoes diferentes lancam trabalho conjunto. (Foto: Adriano Vizoni/Folhapress, ILUSTRADA) ***EXCLUSIVO FSP***
    Lô Borges (esq.) e Samuel Rosa, que lançam disco juntos

    Samuel Rosa, 49, surgiu na cena musical no início dos anos 1990, no Skank. Lô Borges, 64, tinha aparecido 20 anos antes, com Milton Nascimento, na confraria sonora mineira Clube da Esquina.

    O encontro deles no palco também ruma para perto dos 20 anos. Foi ainda nos anos 1990 que os dois começaram esse entrelaçamento que só agora ganha registro físico, com CD e DVD ao vivo, gravados em Belo Horizonte.

    Samuel conta à Folha que, no início da carreira, o Skank e contemporâneos, como Pato Fu e Jota Quest, tentavam soar o mais diferente possível do Clube da Esquina. "Uma vontade de não ser confundido, de não surfar na onda deles, algo oportunista."

    Ele ressalta como as letras e a postura no palco eram diferentes. "Fazíamos música com construções mais simples, soávamos mais ensolarados, menos tristes, contrastando com o Clube, que era sóbrio, sem muita ironia ou humor. Eles já eram meio punks, tocavam de costas para o público." (risos)

    disco

    Eles concordam que a geração imediatamente depois do Clube, anterior à de Samuel, ficou muito ligada a Lô, Milton e Beto Guedes.

    "Quando ouvi o Skank, saudei com foguete. Quando gravei 'Te Ver', do Samuel, é porque eu gostei muito. Tem dois acordes e é consistente, parece música do Dorival Caymmi. Tem outra de dois acordes, 'O Beijo e a Reza', com trama melódica fantástica", diz Lô Borges. "Esses caras estavam ensinando coisa para a gente."

    Samuel logo retribui. Diz que o contato com Lô ajudou na mudança de seu jeito de compor. "Na adolescência não pegava bem dizer que gostava do Clube da Esquina. Depois eu cresci e vi que não podia ficar naquele reggaezinho de três acordes. Mostrei 'Resposta' para o Nando [Reis], que era uma melodia de violão com progressões."

    Samuel diz que depois do sucesso do Skank pode aflorar esse lado harmônico sem ser confundido com uma diluição do Clube. "O Lô quebrou o gelo ao gravar 'Te Ver', e aí eu tive que me declarar: sou seu fã pra caralho!"

    Samuel Rosa & Lô Borges - Ao Vivo No Cine Theatro Brasil (CD)
    Samuel Rosa, Lô Borges
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    O repertório do show é briga de cachorro grande. Poucas músicas escapariam de qualquer álbum de sucessos do Skank ou de Lô.

    Abre com "Feira Moderna" e fecha com "Um Girassol da Cor do Seu Cabelo", canções emblemáticas do Clube da Esquina. Entre elas, a fatia de Lô no show segue com hinos que qualquer cinquentão sabe assobiar, como "O Trem Azul", "Paisagem da Janela" e "Para Lennon & McCartney", esta com Milton Nascimento subindo ao palco.

    De Samuel, uma lista de hits. Entre eles, "Dois Rios", "Resposta", "Sutilmente" e, não poderia falar, "Te Ver", a canção que fez a ponte entre décadas de música mineira.

    AO VIVO NO CINE THEATRO BRASIL
    ARTISTAS Samuel Rosa & Lô Borges
    GRAVADORA Sony Music
    QUANTO R$ 25 (CD), R$ 30 (DVD)

    Edição impressa

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