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    crítica

    Balé da Cidade exibe figuras impecáveis, mas poderia ir além

    KATIA CALSAVARA
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    09/06/2016 17h44

    Dirigido por Iracity Cardoso desde 2013, o Balé da Cidade de São Paulo tem uma história bem anterior –foi criado em 1968. É de se esperar que os quase cinquenta anos de estrada da companhia confiram um lugar de destaque ao grupo no cenário da dança. Atualmente, 207 balés fazem parte de seu repertório, com criações de coreógrafos nacionais e internacionais.

    Não ter um coreógrafo fixo e poder contar com inúmeros artistas de todo o mundo fazem com que seus trabalhos sejam esperados e acompanhados, com lugar para surpresas e experimentações.

    "Corpus" é o balé mais recente da companhia, que estreou na quinta-feira (9) no palco do Theatro Municipal de São Paulo. Criado pelo português André Mesquita, também coreógrafo de "Cidade Incerta" (2011) e da ópera "Salomé" (2014), é baseado em livro homônimo do filósofo francês Jean-Luc Nancy e propõe um outro olhar para os corpos além da anatomia.

    Acompanhados pela Orquestra Experimental de Repertório, sob direção de Carlos Moreno, os 24 bailarinos exibem seus físicos maravilhosos evidenciados pelo figurino minimalista de Cássio Brasil. Começa com a entrada dos intérpretes em movimentação animalesca que, no entanto, dilui-se para voltar apenas no final.

    Fica evidente a criação de belas figuras e o deslocamento dos corpos, seja em trios, quartetos ou em grupões, que promovem dinamismo e enfatizam a técnica dos bailarinos, com algumas meninas dançando nas pontas.

    ATMOSFERA

    A música de Glaucio Zangheri sobre composições de Bach, Berlioz e Smetana dá um tom sombrio e cheio de atmosfera à cena.

    No entanto, em alguns momentos parece não haver um aproveitamento total do que a música propõe. Ao final da peça, esse aspecto é recuperado, mostrando relação mais crescente.

    Mas, apesar da beleza inegável dos corpos que se movimentam em possibilidades infinitas, fica a questão: "Para onde podemos olhar além?".

    O programa ainda conta com "Adastra" (2015), do espanhol Cayetano Soto, e "O Balcão de Amor" (2014), do israelense Itzik Galili, ambas com passagens recentes pela Europa com grande sucesso.

    Nesses dois balés, em especial no último, é possível enxergar melhor a individualidade dos intérpretes. Evidentemente se trata de outras propostas, intrínsecas, mas que mostram melhor a força do elenco do Balé da Cidade de São Paulo, que pode sempre ir muito mais além.

    BALÉ DA CIDADE DE SÃO PAULO
    QUANDO: SEX. (10) E SÁB. (11), ÀS 20H, DOM. (12), ÀS 17H
    ONDE: THEATRO MUNICIPAL, PÇA. RAMOS DE AZEVEDO, S/ Nº, TEL. (11) 3053-2090
    QUANTO: R$ 25 A R$ 90

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