• Ilustrada

    Saturday, 04-May-2024 10:53:28 -03

    Tusquets, tradicional selo espanhol de literatura, é lançado no Brasil

    MAURÍCIO MEIRELES
    COLUNISTA DA FOLHA

    11/06/2016 02h15

    Quem segue o ofício de São Jerônimo, padroeiro dos editores e tipógrafos, conhece bem o sobrenome Tusquets. É ele que batiza um dos principais selos literários do mundo hispânico, fundado em 1969, na casa de seus criadores.

    Quase 50 anos depois, o Tusquets chega ao Brasil, pela editora Planeta, grupo espanhol do qual o selo faz parte desde 2012. Os dois primeiros lançamentos, que acontecem na Flip 2016, são "Descobri que Estava Morto", de João Paulo Cuenca, e "O Homem Com Asas", de Arthur Japin.

    "Criar um selo do zero seria um pouco difícil, então resolvi olhar as marcas da empresa. Temos contratados cerca de 15 autores", diz Cassiano Elek Machado, diretor editorial da Planeta no país.

    Greg Salibian - 31.out.2015/Folhapress
    Cassiano Elek Machado, diretor editorial da Planeta, que lançará o selo espanhol Tusquets no Brasil
    Cassiano Elek Machado, diretor editorial da Planeta, que lançará o selo espanhol Tusquets no Brasil

    Entre esses nomes, estão Alejandro Zambra, que terá sua obra lançada pelo selo, e o húngaro Imre Kértesz (1929-2016), ganhador do Nobel de 2002, que terá "Sem Destino" reeditado.

    Na lista aparece também "O Carretel de Linha", de Anne Tyler, finalista do Man Booker Prize ano passado.

    Outros livros são "33 Revoluções", de Canek Guevara; "Blitz", de David Trueba; e "Depois do Inverno", de Guadalupe Nettel.

    Talvez os brasileiros não saibam, mas o Tusquets foi fundado por uma brasileira: a carioca Beatriz de Moura, de 77 anos, radicada na Espanha. O outro fundador foi seu então marido, Oscar Tusquets. Hoje ela é presidente de honra da casa, que surgiu quando o franquismo dominava o país.

    "Foi um pesadelo permanente durante seis anos. É difícil entender o que significa ter que discutir todos e cada um dos livros que se deseja publicar com censores obtusos, voluntariamente incultos e, por profissão, delatores", recorda Beatriz.

    Já presente no México e na Argentina, o Tusquets espanhol publica a obra de autores como Milan Kundera, Samuel Beckett, Albert Camus.

    A casa virou uma instituição cultural na Europa, o que já rendeu a Beatriz uma medalha concedida pelo rei da Espanha e a condecoração como Chevalier des Arts et des Lettres, do governo francês.

    Para quem ainda não entendeu o perfil do Tusquets, basta dizer que Beatriz vê como suas influências nomes lendários na história da edição: Jérome Lindon (Éditions de Minuits), Jean-Jacques Pauvert (Pauvert) e Carlos Barral (Seix-Barral), entre outros.

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024