Em um casarão transformado no bordel Snack Night Club, próximo ao Recife, o político Antenor (Antonio Calloni) é recebido com festa regada a champanhe, música alta e prostitutas.
Em longa sequência gravada em um único plano pelo diretor José Luiz Villamarim, todos brindam, dançam e o homem poderoso recebe os cumprimentos de seu assessor, Mauricio (Cauã Reymond). A locação, o figurino, a luz, tudo é planejado para ser o mais realista possível.
Quando essa cena for exibida no fim de agosto, data prevista para "Justiça" ir ao ar, o público já saberá que Antenor atropelou Beatriz (Marjorie Estiano), mulher de Mauricio, e fugiu sem prestar socorro. E que o personagem de Cauã realizará eutanásia em sua companheira e irá para a prisão. E que busca justiça.
A minissérie de Manuela Dias, com direção de Villamarim e fotografia de Walter Carvalho, terá um formato conhecido no cinema (filmes como "Crash", "Babel"), porém novo na Globo.
A história de 20 capítulos, que fala da linha tênue entre justiça e vingança, tem quatro tramas paralelas que se cruzam, cada uma com seus protagonistas. O elemento que liga todas é a prisão de um dos personagens e o retorno dele sete anos depois.
Protagonistas de uma das histórias aparecem como figurantes nas demais. A cada dia da semana o público verá uma delas (formato semelhante ao de "Sessão de Terapia").
Às segundas, será a vez de Vicente (Jesuíta Barbosa), jovem que mata a namorada, filha de Elisa (Debora Bloch). A mãe deseja vingança.
Na terça, acompanhamos a doméstica Fátima (Adriana Esteves) e o policial Douglas (Enrique Diaz). Ela mata o cachorro dele, e ele a incrimina injustamente por tráfico.
Às quintas, as amigas Rose (Jéssica Ellen) e Débora (Luisa Arraes) entram em cena. A primeira é filha da empregada da segunda. Em uma festa, Rose é presa com drogas dos amigos, inclusive de Débora, liberada pela polícia. Débora depois será estuprada e buscará o homem que a violentou.
Às sextas, o público verá a história de Cauã e Calloni.
O elenco também conta com Vladimir Brichta, Drica Moraes, Leandra Leal e Angelo Antonio, entre outros.
As gravações no Recife ("Precisamos contar histórias fora do eixo Rio-SP", diz o diretor) começaram em maio.
"'Justiça' tem uma carga trágica e demasiadamente humana. Acho que isso cativará o público", diz Villamarim.