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    'Orange Is the New Black' volta com mais peso à diversidade e tensão racial

    GABRIELA SÁ PESSOA
    ENVIADA ESPECIAL A BUENOS AIRES

    17/06/2016 02h04

    Em uma das promessas mais delirantes de sua campanha eleitoral, o candidato republicano Donald Trump sugeriu que, caso eleito presidente dos EUA, construiria um muro isolando seu país do México –e faria o país latino pagar por ele.

    Entre os muros de Lichtfield, penitenciária ficcional que serve de cenário para "Orange is The New Black", a xenofobia e a tensão racial estão na ordem do dia na quarta temporada da série. Os 13 novos episódios estreiam nesta sexta (17) na Netflix.

    Privatizado, o presídio para criminosas de baixa periculosidade fica cada vez mais precário. Estratégia dos novos dirigentes para diminuir custos, a chegada de novas detentas superlota as alas e acirra a intolerância entre os diferentes grupos no cárcere.

    Uma das novas moradoras de Lichtfield é a chef-celebridade Judy King (Blair Brown), condenada por sonegação. Uma virtual eleitora de Trump caso ela pudesse votar no empresário, dado o seu despudor em destratar colegas de etnias diferentes da sua (branca).

    "Jenji [Kohan, criadora da série] ou é bruxa ou genial. Ela é tão informada do que acontece no mundo que acaba mostrando isso politicamente. Se as coisas não estão bem aqui fora, é claro que afetam esse mundo [da série]", diz a atriz Selenis Leyva, a porto-riquenha Gloria na série.

    DIVERSIDADE

    Como muitas de suas colegas de elenco, o seriado é o primeiro trabalho expressivo de Leyva na indústria.

    Hispânicos são quase 20% da população americana, mas ainda há poucas oportunidades que driblem os estereótipos, dizem. "Castings ainda são difíceis para mim. São sempre para papéis escritos para latinas, e não um papel como outro qualquer", comenta Dascha Polanco, que dá vida a Daya, jovem que acaba de dar à luz no presídio.

    "Por muito tempo, ser latino era ser mexicano, prostituta ou viciado em drogas", pontua Leyva. Em "Orange", a prisão é um denominador que coloca os dramas de todas as personagens num mesmo patamar. "Estamos presas, mas antes de tudo somos inteligentes, mães, irmãs, guerreiras. Nos EUA, colocam o latino num programa com duas, três palavrinhas. Aqui, somos parte do sucesso."

    E são mesmo. Ao longo das três temporadas iniciais, "Orange Is the New Black" foi deixando de lado as dificuldades de adaptação na cadeia da riquinha Piper (Taylor Schilling), inspirada em uma história real, para contar os dramas de suas convivas com boas doses de amor lésbico.

    "Jovem, magra e linda", Piper foi o "cavalo de Troia" para entrar com a audiência na prisão, opina a atriz Elizabeth Rodriguez, a Aleida. Na quarta temporada, a identidade parece se firmar finalmente como um dos grandes tema do show, muito mais do que o realismo no presídio.

    "A gênese foi o livro de Piper Chapman [a verdadeira], contando o ano que ela viveu na prisão. O que aconteceu depois é que Jenji Kohan povoou esse universo com seus personagens, e explorou as relações entre mulheres que se unem", diz Peter Iacono, vice-presidente da Lionsgate, produtora do seriado.

    NA TV
    Orange Is The New Black
    QUANDO nesta sex. (17), na Netflix

    *

    RECAPITULANDO três anos de xadrez

    1ª temporada (2013)
    Prestes a se casar, Piper é presa por tráfico. Reencontra sua ex-namorada na prisão, à qual tenta se adequar. As detentas se dividem em 'famílias': latinas, afroamericanas e brancas

    2ª temporada (2014)
    Tramas secundárias ganham força. Daya, jovem latina, engravida de um carcereiro e famílias passam a disputar o controle da cozinha. Presídio vive crise financeira

    3ª temporada (2015)
    Piper começa um negócio ilegal, e atrai rivais. Novo grupo que controla o presídio começa a curtar custos. Transexual, Sophie (Laverne Cox) é insultada, briga e vai para a solitária

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