Os Dez Mandamentos

Quando o mar Vermelho se abrir no Teatro Procópio Ferreira, em São Paulo, ele virá acompanhado de maresia.

A versão teatral da novela bíblica "Os Dez Mandamentos" (Record) propõe uma "experiência sensorial", como em um cinema 4D, explica Fernanda Chamma, diretora e coreógrafa da montagem, que estreou na sexta (17). "Há cheiros de mar, da aldeia, ventos na plateia."

Também são muitas as cenas feitas ao lado do público, mas a proximidade do elenco "de carne e osso" se alterna com o aparato tecnológico usado para emular os efeitos visuais da novela.

	Lenise Pinheiro/Folhapress
	Ator Julio Mancini como o personagem Moisés no musical 'Os Dez Mandamentos'

Há um painel de LED ao fundo do palco e uma tela translúcida na frente. O resultado por vezes lembra um visual de cinema. Para a travessia do mar Vermelho (um dos ápices do folhetim, que chegou a superar em alguns momentos o ibope da Globo), o próprio painel de LED se abre.

A produção não divulga o orçamento da peça, mas, segundo Chamma, o custo está abaixo da média dos musicais brasileiros –"não chega a 10% do valor da maioria".

A adaptação, contudo, não partiu da Record (que no ano passado lançou uma versão para o cinema de "Os Dez Mandamentos"). Foi o produtor Sandro Chaim que idealizou o projeto e procurou a rede no início do ano.

A emissora, diz a produção, não influenciou na criação, apenas ficou incumbida da divulgação e de dar assistência à equipe do espetáculo.

O elenco é outro, e o texto é bem diferente do da TV, diz o dramaturgo Emilio Boechat, que antes trabalhou no roteiro do folhetim. Para contar a história de Moisés (Julio Mancini), que recebe um chamado de Deus para retornar ao Egito de 1300 a.C. e libertar o povo da escravidão no reinado de Ramsés (Thiago Machado), voltou-se ao texto bíblico, o livro Êxodo. "Criamos uma nova história. Da novela, aproveitamos a pesquisa histórica", conta Boechat.

	Divulgação
	Thiago Machado (Ramsés), Bruna Pazinato (Nefertari), Tassia Cabanas (Zipora) e Julio Mancini (Moisés)

A dramaturgia se dividiu com as músicas criadas por Wladimir Pinheiro, que diz ter fugido da temática religiosa: "Eu me inspirei na orquestração de peças da Broadway e de desenhos da Disney, como 'O Príncipe do Egito' [1998]'". Ainda há momentos pincelados por sons tradicionais dos povos hebreu e egípcio, diz.

Segundo Pinheiro, o ápice musical é a cena que concentra as dez pragas do Egito –na novela, elas foram espalhadas ao longo dos capítulos. Trata-se de um grande "duelo musical" de dez minutos entre Moisés e Ramsés.

As duas horas de montagem são bastante coreografadas, afirma a diretora. "Todas as entradas são muito marcadas. Há até trocas de figurino dentro de cena: partes do cenário têm gavetas de onde os atores tiram novas roupas".

OS DEZ MANDAMENTOS - O MUSICAL
QUANDO qui. e sex., às 21h, sáb., às 18h e 21h, dom., às 17h e 20h; até 2/10
ONDE Teatro Procópio Ferreira, r. Augusta, 2.823, tel. (11) 3083-4475
QUANTO R$ 90 a R$ 150
CLASSIFICAÇÃO livre