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    Tate Modern dobra de tamanho e exalta igualdade de gênero em mostra

    BIANCA CASTRO
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE LONDRES

    21/06/2016 02h17

    Um dos principais museus de arte moderna e contemporânea do mundo, o londrino Tate Modern abriu ao público na última sexta (17) um novo espaço, no qual exibe um acervo também com novidades. É um projeto ambicioso, orçado em R$ 1,3 bilhão e cujas obras duraram nove anos.

    Construído nos fundos do prédio já em uso e projetado pela mesma dupla de arquitetos -Herzog & de Meuron- que reformulou a antiga usina de eletricidade no distrito de Southwark nos anos 2000, o novo prédio se destaca na paisagem com sua arquitetura geométrica, semelhante a uma pirâmide retorcida. No topo de seus 65 m, tem-se uma vista panorâmica da cidade.

    Para acolher mais de 5 milhões de visitantes anuais e 800 obras expostas, o museu dobrou de tamanho, ocupando área de quase 50 mil m².

    Daniel Leal-Olivas/AFP
    A Tate employee walks past the artwork 'Stack', 1975 by Tony Cragg in the new Switch House extension of the Tate Modern in London on June 14, 2016. / AFP PHOTO / Daniel Leal-Olivas / RESTRICTED TO EDITORIAL USE - MANDATORY MENTION OF THE ARTIST UPON PUBLICATION - TO ILLUSTRATE THE EVENT AS SPECIFIED IN THE CAPTION
    'Stack', do inglês Tony Cragg, no museu Tate Modern, em Londres

    Segundo os arquitetos, a ideia por trás da ampliação era fundir as galerias nova e antiga num só organismo.

    A técnica de tijolos perfurados elaborada pela firma Herzog & de Meuron filtra a luz externa como uma peneira; durante o dia, a luz natural ilumina e ventila os interiores, enquanto à noite a pirâmide brilha de dentro para fora.

    Hoje o coração do museu está no espaço que abrigava a casa de tanques de óleo da usina de eletricidade, destacando-se como um dos primeiros lugares do mundo a ser estritamente dedicado a performances artísticas.
    Uma das alas do prédio antigo celebra obras que romperam paradigmas durante os anos 1950 e 1960 no Brasil e no mundo, produzidas por artistas que já passaram pela Bienal de São Paulo.

    Esculturas, fotografias e pinturas abstratas, muitas delas com cores primárias, fazem alusão à relação entre artista e cidade. Aqui estão expostos quadros icônicos de Piet Mondrian, além de fotografias de Iwao Yamawaki que retratam a arquitetura brutalista de grandes cidades.

    A nova Tate se torna um dos primeiros museus do mundo a dedicar metade de seu acervo a obras de mulheres. Frances Morris, que assumiu a direção da instituição em janeiro, incluiu a igualdade de gênero como tema central da inauguração.

    Daniel Leal-Olivas/AFP
    Members of the gallery pose for a picture in front of an installation by Brazilian artist Cildo Meireles, named Babel 2001, at the Tate Modern gallery on June 14, 2014 in London. / AFP PHOTO / Daniel Leal-Olivas / RESTRICTED TO EDITORIAL USE - MANDATORY MENTION OF THE ARTIST UPON PUBLICATION - TO ILLUSTRATE THE EVENT AS SPECIFIED IN THE CAPTION
    Instalação 'Babel', do brasileiro Cildo Meireles

    "Quando abrimos, apenas 17% dos trabalhos em exposição eram de mulheres. Agora são 50%", disse.

    Se antes o museu era parada obrigatória para amantes de vanguardas modernistas -com trabalhos de Picasso, Dalí, Pollock e Degas integrando a coleção-, hoje ele transpassa as fronteiras da Europa e Estados Unidos.

    Ao longo dos últimos anos, o museu contratou especialistas em arte de Ásia, África e América Latina, na tentativa de expandir sua coleção e passou a comprar obras dessas regiões, grande parte delas produzidas desde os anos 1960.

    Entre as principais aquisições recentes estão brasileiros de peso como Cildo Meireles, Lygia Clark e Hélio Oiticica.

    Obra que marcou época e emprestou o título ao movimento de mesmo nome no Brasil nos anos 1960, "Tropicália", de Oiticica, foi montada no terceiro andar do novo prédio, levando à galeria areia, plantas tropicais e até mesmo duas araras vivas, em alusão à arquitetura labiríntica das favelas do Rio, que inspiraram o artista.

    Além dos brasileiros, a francesa Louise Bourgeois, o chinês Ai Weiwei e a alemã Rebecca Horn também estão no acervo do museu.

    Georgia O'Keeffe, uma das principais fundadoras do modernismo americano, será tema da primeira exposição temporária na casa nova, de 6 de julho a 30 de outubro.

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