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    Impossível saber origem do dinheiro, afirma Porchat, citado em desvio da Rouanet

    GUILHERME GENESTRETI
    DE SÃO PAULO

    29/06/2016 11h08 - Atualizado às 17h07

    Um show privado de stand up do humorista Fabio Porchat, do grupo Porta dos Fundos, foi citado no esquema de desvios da Lei Rouanet, segundo o Ministério Público Federal, no escândalo apurado pela operação Boca Livre, deflagrada pela Polícia Federal na manhã desta terça (28).

    Porchat, alertado pela Folha de que seu nome aparecia no relatório da Polícia Federal sobre o esquema, afirmou à reportagem que não fazia ideia do fato.

    "Sou contratado para dezenas de trabalhos e é impossível eu saber a procedência do dinheiro dos meus contratantes. Como não sabia desse", informou, por e-mail.

    Segundo o MPF, o escritório de advocacia Demarest usou recursos da Lei Rouanet na contratação do humorista para um show privado —algo vetado pela mecanismo de isenção fiscal— em comemoração aos 68 anos de fundação da sociedade jurídica. Para tanto, teria contratado o Grupo Bellini Cultural, que comandava o esquema segundo a Polícia Federal.

    Procurado, o Demarest informou que ainda não teve acesso ao processo e reafirmou que não cometeu qualquer irregularidade e que colaborou e continuará a colaborar com a investigação. Os advogados do Bellini Cultural não se posicionaram sobre o caso.

    JOTA QUEST

    O MPF cita ainda que um show da banda Jota Quest foi usado no esquema para desviar recursos da Rouanet. Segundo a investigação, a empresa Roldão patrocinou um projeto que tinha por objetivo a realização de concertos em uma cidade do interior de São Paulo.

    A verba, no entanto, teria sido destinada a dois eventos na capital: uma apresentação da orquestra Villa Lobos para entidades selecionadas pelo Grupo Bellini e o show do Jota Quest para 4.000 convidados da Roldão.

    Em nota, a Roldão afirmou que não é alvo da operação Boca Livre e que já entregou à força-tarefa todos os documentos solicitados e está à disposição das autoridades para prestar esclarecimentos.

    A orquestra Villa Lobos informou que o grupo foi contratado para realizar o show para comunidades carentes e ONGs, e que o fez, conforme solicitado pelo contratante.

    Procurado por meio de sua assessoria de imprensa, o Jota Quest não comentou o caso.

    A Polícia Federal, em conjunto com servidores da Controladoria Geral da União, cumpriu na terça 14 mandados de prisão temporária —todos expedidos contra integrantes da Bellini— e 37 mandados de busca e apreensão em São Paulo, Rio e Brasília.

    O grupo Bellini atua há 20 anos no mercado. Segundo a PF, ele seria o operador do esquema que existe desde 2001, gestão FHC: como proponente de projetos culturais, conseguia recursos na Rouanet e se associava a patrocinadores privados para reverter esses recursos para fins pessoais.

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