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    Flip

    Na Flip, sociólogo italiano fala de 'febre profunda' na Europa

    NATÁLIA PORTINARI
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE PARATY (RJ)

    02/07/2016 21h43

    O sociólogo italiano Mauro Maldonato foi à Flip (Festa Literária Internacional de Paraty), neste sábado (2), para discutir temas fora do circuito literário: os conflitos com imigrantes na Europa e as falhas do modelo clássico de democracia representativa.

    "Sabemos hoje que nossa democracia não funciona. Criou um desentendimento sobre a natureza essencial do homem", afirmou.

    Para ele, a democracia é totalitária. A solução é voltar às nossas raízes libertárias, buscando transformar as esferas de decisão da sociedade.

    Na mesa com Maldonato, estava o brasileiro Danilo Santos de Miranda, diretor do Sesc. Os dois estão lançando um livro pela Sesc Edições, "Na Base do Farol Não Há Luz: Cultura, Educação e Liberdade".

    "Caminhamos para uma guerra gélida, e não quente", disse sobre a situação atual da Europa. Um exemplo dessa frieza foi a reação da União Europeia ao resultado do plebiscito do Brexit, com o qual a Grã-Bretanha manifestou o desejo de sair do grupo. "A resposta foi 'saiam imediatamente', não 'vamos conversar.'"

    "Há uma grande falência sistêmica. Desperdiçamos gerações inteiras de inteligência", disse o acadêmico. No atual modelo político, segundo ele, ninguém se entende. "Os jovens estão tomados por linguagens incompreensíveis, autisticamente dobrados sobre si próprios".

    Em entrevista à Folha, Maldonato disse que a Europa vive "uma febre muito profunda".

    "Os europeus estão pagando o preço de uma longa série de erros", diz, referindo-se à política externa do bloco. "Pensamos que a amizade e a fraternidade eram só palavras. O estrangeiro que bate à sua porta não necessariamente traz paz. Ao contrário, traz inquietude."

    A situação se agravou com a interferência dos países ocidentais no Oriente Médio, e, agora, volta como um fantasma para assombrar os europeus ocidentais, segundo ele.

    "É uma situação dramática. Não posso reconhecer o outro se o outro não me reconhece. Vamos conseguir resolver esse problema, que é tão antigo quanto o homem, no espaço estreito da Europa?", disse.

    Seu livro com Danilo Santos de Miranda, nesse contexto, é uma "proposta para atravessar o niilismo em que estamos vivendo", discutindo como a ação política pode ser transformada para que a democracia não seja "totalitária" (uma "ditadura da maioria", em outros termos).

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