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    Morre o artista Ivald Granato, um dos pioneiros da performance no Brasil

    SILAS MARTÍ
    DE SÃO PAULO

    03/07/2016 12h05 - Atualizado às 15h51 Erramos: esse conteúdo foi alterado

    Zanone Fraissat - 6.ago.2013/Folhapress
    SÃO PAULO, SP, BRASIL, 06-08-2013: Artes Plásticas: o artista Ivald Granato, durante a abertura da exposição "Influxos das Formas", da artista Tomie Ohtake, no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo (SP). (Foto: Zanone Fraissat/Folhapress)
    O artista Ivald Granato durante a abertura da exposição "Influxos das Formas", da artista Tomie Ohtake

    Um dos pioneiros da performance no país e reconhecido por uma obra plástica que atravessou disciplinas entre música, teatro e artes visuais, Ivald Granato morreu na madrugada deste domingo, aos 66, em São Paulo. Ele sofreu uma parada cardíaca enquanto dormia. Seu corpo será enterrado nesta segunda no cemitério Gethsêmani, na zona oeste paulistana.

    Granato despontou no cenário artístico nacional nos anos 1960, com pinturas e desenhos calcados em elementos autobiográficos e na força dos gestos usados nas composições. Nesse sentido, mesmo seu trabalho em formatos mais convencionais já carregava uma vontade de performance.

    Em situações ao vivo e gravadas em vídeo, Granato se firmou ao longo dos anos 1970 como um artista de fato multimídia, construindo uma obra marcada pela ironia, o humor e a crítica ao "establishment" artístico.

    Esse posicionamento aflorou com mais força no happening "Mitos Vadios", que Granato organizou num estacionamento da rua Augusta, em São Paulo, em 1978. Além de Granato, nomes centrais do cenário artístico do país, como Hélio Oiticica, Anna Maria Maiolino e Claudio Tozzi, mostraram suas obras ali.

    Há seis anos, em protesto contra uma edição da Bienal de São Paulo que considerava esvaziada de conceitos, Granato convocou uma segunda edição de seu happening, sem o mesmo sucesso. A primeira versão, no entanto, entrou para a história do país como um episódio central das artes visuais no seio da contracultura, em clara oposição ao regime militar.

    Na década de 1980, Granato integrou a Banda Performática, projeto musical e artístico liderado pelo artista José Roberto Aguilar. No palco, Granato gostava de aparecer vestindo roupas extravagantes e óculos enormes, uma espécie de super-herói tropical.

    Sua obra iconoclasta, irônica e irreverente, que agora está numa retrospectiva dedicada ao artista na Caixa Cultural, em Brasília, pode ser entendida como herdeira conceitual e ao mesmo tempo um desdobramento da tradição estabelecida por nomes como o artista e arquiteto Flávio de Carvalho e o pintor e escultor Wesley Duke Lee, que também organizaram happenings marcantes.

    Nos últimos anos, mesmo sendo tema de uma mostra que passou por São Paulo, Granato se ressentia da falta de espaço que tinha no meio artístico. Ele deixa a mulher, Laís, três filhos e oito netos.

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