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    Meu editor chamou meus livros de 'confissão maníaca', conta Knausgård

    JULIANA KALIL GRAGNANI
    DE SÃO PAULO

    05/07/2016 13h13

    "Queria meu pai morto. E então ele morreu e tentei escrever sobre isso –como uma ficção– durante dez anos, mas não dava certo. O que eu escrevia não representava a experiência real, verdadeira", afirmou o escritor norueguês Karl Ove Knausgård na noite de segunda (4), em São Paulo.

    "Depois de dez anos, pensei 'foda-se'. Vou escrever como foi, com todos os nomes e todos os detalhes." Quando leu, meu editor me disse: "isso é uma confissão maníaca!"

    Knausgård participou de bate-papo com o público na Livraria Cultura do Conjunto Nacional mediado pelo escritor e professor de criação literária Roberto Taddei. Knausgård, que participou da Flip, em Paraty, deu autógrafos após o evento.

    Keiny Andrade/Folhapress
    Karl Ove Knausgård, autor norueguês famoso pela série memorialística "Minha Luta", na Flip
    Karl Ove Knausgård, autor norueguês famoso pela série memorialística "Minha Luta", na Flip

    O norueguês, um best-seller internacional, é autor de uma série de seis livros sobre sua vida chamada "Minha Luta", com detalhes minuciosos de seu cotidiano –um jantar pode durar páginas e páginas. Ele é constantemente comparado com a crítica ao escritor Marcel Proust (1871-1922). Os livros são sobre "a relação entre a vida e a literatura", disse Knausgård.

    O autor leu, em inglês, um trecho do segundo livro da série, "Um Outro Amor". No Brasil, lança o quarto livro da série "Uma Temporada no Escuro" (Companhia das Letras).

    Após entregar o manuscrito ao seu editor e ouvir sua resposta, Knausgård poliu o texto, alternando sua intimidade com outras camadas narrativas. Deu certo. "Não é como se eu tivesse planejado escrever a meu respeito. Os livros surgiram porque eu quis contar uma história de modo mais verdadeiro possível."

    "Quando tinha 20 anos, pensava: 'Minha vida é tão patética e insignificante, não posso escrever sobre ela'. Tenho que fazer algo que seja arte", contou. "Não conseguimos imaginar Heidegger fazendo algo banal, lavando a louça. Sua vida, ou concepção de vida, é muito abstrata, elevada. Mas a vida não é assim. E então tomei coragem para escrever sobre as coisas banais. E a arte é isso, tentar encontrar a vida."

    Uma Temporada No Escuro
    Karl Ove Knausgård
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    O escritor conversa com o público nesta terça (5) no Rio sobre o livro na Livraria da Travessa Leblon às 19h. No final, haverá uma sessão de autógrafos do livro. É sua última turnê do livro.

    Outra autora que esteve na Flip, a prêmio Nobel Svetlána Alexiévich, conversará nesta terça (5) com o público no Sesc Consolação, em São Paulo, às 16h. Na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, J.P. Cuenca e Marcelo Rubens Paiva dão autógrafos na quarta (6) às 18h. A entrada é gratuita.

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