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    crítica

    Documentário capta magnetismo insuperável de Janis Joplin

    THALES DE MENEZES
    DE SÃO PAULO

    09/07/2016 12h00

    O que mais impressiona em "Janis: Little Girl Blue" é que, mesmo 46 anos depois de sua morte, a cantora americana Janis Joplin ainda emociona e tem algum ineditismo para mostrar a fãs antigos ou novos.

    O documentário da diretora Amy J. Berg consumiu sete anos de pesquisas. Valeu a pena. Será difícil encontrar alguém que já tenha visto todas as imagens mostradas no filme. Mas todos esses arquivos não seriam suficientes sem uma direção inventiva.

    A edição equilibra bem depoimentos da própria Janis com os de pessoas que conviveram com ela. A narração de cartas e textos escritos pela cantora é feita pela também roqueira Cat Power o que da um charme especial à locução.

    Antes de morrer de overdose de heroína em 1970, Janis passou por quatro anos intensos. Mais do que seu um sucesso pessoal, ela construiu um caminho para as meninas no rock. Antes dela, mesmo nomes importantes como Grace Slick, do Jefferson Airplane, parecia cantar numa banda como se os rapazes estivessem fazendo um favor a ela.

    Janis era diferente. Com uma voz áspera, mas melodiosa, e um sorriso aberto, escancarado mesmo, ficava no centro do palco como se o seu lugar fosse ali desde sempre.

    A maior parte dos depoimentos da própria Janis dispara alegria. São poucas as vezes em que ela revela sinais de que o consumo de drogas a prejudica. Os amigos e parentes acabam ficando com o papel de pintar um quadro mais sombrio. Entre as peripécias de sua vida, de botecos mínimos aos grandes festivais, sua passagem pelo Brasil aparece com destaque.

    Os depoimentos falam dos casos dela com o fotógrafo Ricky Ferreira e o cantor Serguei, a expulsão do Copacabana Palace por nadar pelada na piscina, o topless na praia e os porres por bares do Rio.

    Mas o melhor do documentário, e nem poderia se diferente, está nos momentos de Janis no palco. Sua presença magnética é insuperável. A delicadeza de garotinha ficar nos camarins. O que se vê é uma explosão de rock e blues.

    Janis é Integrante do poderoso time de roqueiros que morreram aos 27 anos, que inclui Jimi Hendrix, Jim Morrison, Brian Jones, Kurt Cobain e Amy Winehouse. Parece ser o tempo máximo que os deuses do rock permitem a seus discípulos mais rebeldes.

    JANIS: LITTLE GIRL BLUE
    QUANDO: EM CARTAZ
    PRODUÇÃO: EUA, 2015,14 ANOS
    DIREÇÃO: AMY J. BERGAMO

    Edição impressa

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