• Ilustrada

    Friday, 17-May-2024 05:23:14 -03

    Jornalismo ao vivo fez GloboNews crescer 92% em 2016, diz diretora

    NELSON DE SÁ
    DE SÃO PAULO

    10/07/2016 02h05

    Segundo o Ibope, a GloboNews cresceu 92% no primeiro semestre de 2016, em relação ao período em 2015. Mais de 36 milhões já passaram pelo canal neste ano. Sua audiência foi 315% maior que a da BandNews e 672% maior que a da Record News.

    Os números atestam não apenas a maior atenção dada pelo espectador à política, mas o êxito na estratégia adotada pela diretora-geral do canal nos últimos quatro anos, Eugênia Moreyra.

    "O que a gente quer é ser o principal player de jornalismo ao vivo", diz ela. "A TV aberta não faz isso, tem uma grade. Durante toda essa cobertura da crise política, a nossa grade não existiu. Chegamos a ter 14 horas de transmissão ao vivo, seguidas."

    Parte de uma célebre família de jornalistas do Rio que inclui a avó homônima, também atriz e feminista presa na Intentona Comunista, e o avô Roquete Pinto, pioneiro do rádio no país, Eugênia fala com veemência dos planos para o canal e não evita comentar os problemas.

    Um deles foi mencionado à Folha por Antônio Athayde, um dos criadores da Globosat, reproduzindo a ironia que ouviu de um amigo: "Por que a GloboNews tem tanto colunista, tanto jornalista comentando, se todos têm a mesma opinião?".

    Em resposta, Eugênia diz que está procurando "diversificar cada vez mais o tipo de pessoa" que apresenta, comenta e participa. Não que concorde que "todos têm a mesma opinião", mas admite que a GloboNews "põe pessoas do mesmo ambiente, mesma classe social, pessoas do meio universitário", o que deixa tal impressão.

    Também nessa direção, o canal lançou um aplicativo para abrir seu noticiário a informações e vídeos enviados de comunidades de periferia. "Por exemplo, na ocupação das escolas a gente recebeu várias matérias e botou no ar. Matérias feitas pelos estudantes que estavam ocupando."

    Ela lista ainda o esforço bem-sucedido para levar nomes como Guilherme Boulos, do MTST, e inúmeros outros. "Mas, agora, muita gente também não vem, né? Porque tem esse preconceito, 'Não falo para a Globo'. Enfim, reconheço que tem isso, só que a gente está tentando muito."

    Também ela vê "uma polarização, uma torcida de um lado e de outro", como parte do fenômeno que têm feito crescer os canais de notícia pelo mundo. Mas sublinha que é a cobertura que explica os números em 2016.

    "A gente tem trabalhado essa coisa do vivo, do pulsante. E evidentemente, num momento como a crise que a gente vive, que já está no finalzinho talvez, não mais no auge, mas uma crise como essa é claro que desperta", diz.

    Ela relata a brincadeira que fez, comparando as 566 mil pessoas por minuto que alcançou no dia da votação do impeachment na Câmara (17/4) com os 523 mil da estreia nacional da temporada de "Game of Thrones" (24/4).

    "É claro que você não pode levar a sério, foi mesmo uma brincadeira", diz. "Mas a gente ganhou do 'Game of Thrones'! Quando tem dramaturgia forte, dramaturgia aí muito entre aspas, a gente claro que se dá melhor."

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024