Quatro dos sete filmes que chegaram aos cinemas brasileiros na última quinta-feira (7) contam histórias protagonizadas por mulheres.
As estreias de "Um Belo Verão", "Florence - Quem É Essa Mulher?", "Janis - Little Girl Blue" e "Julieta" acompanham uma temporada dominada por personagens femininas nas telonas.
O primeiro, dirigido por Catherine Corsini, retrata o despertar homossexual e o feminismo de duas mulheres; o segundo mostra Meryl Streep na pele de uma cantora sem talento; o terceiro é um registro documental da vida e da carreira de Janis Joplin, ícone do blues e do rock; e, por fim, o espanhol Pedro Almodóvar volta às origens do drama feminino com a história de uma mulher de meia-idade obrigada a lidar com seu passado secreto.
Estão ainda em cartaz "Marguerite", cujo enredo assemelha-se ao de "Florence" ao contar contar de forma romanceada a história da americana Florence Foster Jenkins; "Na Ventania", narrado a partir de cartas escritas por uma mulher levada para um campo de trabalhos forçados na União Soviética de Stalin; "Incompreendida", sobre a desilusão de uma jovem escritora com o mundo dos adultos; "Paulina", que debate a cultura do estupro ao retratar o abuso coletivo de uma professora; e o nacional "Nise - O Coração da Loucura", inspirado na psiquiatra Nise da Silveira (1905-1999).
MINORIA
A temporada feminina ocorre após um estudo da Escola Annenberg de Jornalismo e Comunicação da Universidade do Sul da Califórnia (USC), divulgado em fevereiro deste ano, apontar que só 33,5% dos personagens com diálogo são mulheres em produções audiovisuais americanas. A porcentagem cai para até 28,7% no cinema. A pesquisa analisou filmes e séries de TV de 2014 e 2015.
A discriminação na representação de papéis femininos piora quando se aumenta a idade, dado que três de cada quatro dos papéis para maiores de 40 anos foram para homens.
Além disso, o estudo focou sua atenção na sexualização dos personagens femininos e concluiu que 34,3% das mulheres apareceram com "roupa sexy", contra 7,6% dos homens; e 33,4% mostraram algum tipo de nudez, em contraste com 10,8% dos homens.
Por trás das câmeras, a situação também não melhora: 15,2% dos produtores são mulheres (3,4% no caso de diretoras de filmes) e 28,9% dos roteiristas eram escritoras.