É possível encontrar pela internet a informação de que esta quarta, 13 de julho, é o Dia Mundial do Rock porque nesta data, em 1954, Elvis Presley teria gravado suas duas primeiras canções, "That's All Right" e "Blue Moon of Kentucky". Essa espécie de "marco zero" do rock é um mito pop completamente furado.
O dia 13 de julho de 1985, data do grande show de caridade Live Aid, é a verdadeira razão. Mas a versão sobre a gravação de Elvis, bem mais romântica, segue sendo repetida. Mesmo que a data correta da entrada de Elvis no estúdio seja 5 de julho.
Lendas e mitos do pop são assim, sustentados por discussões de fãs sobre questões polêmicas, tanto faz se confirmados, rejeitados ou ainda um grande ponto de interrogação. É essa distinção que o jornalista Pablo Miyazawa busca em "52 Mitos Pop", livro que pode esclarecer algumas questões e botar mais lenha na fogueira em outras.
| Robert Whitaker/Getty Images/Divulgação | ||
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| Paul McCartney é "aprisionado" em gaiola em foto de 1966 |
Hoje à frente do site de games IGN Brasil, Miyazawa trabalhou em revistas como "Rolling Stone" e "Herói". O combustível inicial para alimentar o projeto foram anos de debates acalorados nas redações por que passou.
Quando resolveu colocar mãos à obra, elencou produtos cultuados no mercado pop. "Para mim, tinha que ter 'Lost', 'Senhor dos Anéis', 'Pokémon', franquias manjadas até, mas que chamam a atenção. Mas muitas opções acabaram caindo por terra, sem histórias boas para contar", conta Miyazawa à Folha.
Em compensação, alguns capítulos surgiram "aos 47 do segundo tempo", diz o jornalista, dando como exemplo uma suposta maldição sobre o elenco do filme "Poltergeist" (1982). Quatro atores morreram em circunstâncias nebulosas nos seis anos seguintes.
Séries de TV, filmes, desenhos animados, literatura. Tem um pouco de tudo nesse garimpo de polêmicas. Até histórias que entrelaçam áreas diferentes, como rock e cinema. É o caso do álbum "The Dark Side of the Moon" (1973), do Pink Floyd, servir de trilha sonora para filme "O Mágico de Oz" (1939). Ver o filme e ouvir o disco ao mesmo tempo revela uma sincronia perfeita entre imagem e som, mas os músicos da banda nunca confirmaram a intenção.
DAS ANTIGAS
O autor acredita que é mais fácil as pessoas questionarem coisas que são anteriores a elas. "O pouso do homem na Lua foi uma farsa filmada por Stanley Kubrick? A teoria da conspiração fica mais forte porque boa parte desse público de cultura pop não era nascido na época, e os registros que poderiam questionar a tese são mais escassos."
Uma das questões que está no livro, a ideia surgida em 1995 de que o ator Josh Saviano, da série de TV "Anos Incríveis", depois se tornou o cantor esquisitão de rock Marilyn Manson, só se sustentou por um bom tempo porque a internet ainda engatinhava. Hoje é questão simples checar que são duas pessoas, Saviano e Brian Warner –verdadeiro nome de MM.
Com farta documentação on-line e câmeras de celulares, talvez sobre pouco espaço para especulações. Miyazawa até concorda, mas acha que, por outro lado, isso não vai inibir as lendas urbanas. "A internet pode comprovar ou derrubar polêmicas, mas, antes disso, uma teoria absurda pode se espalhar muito mais."
| 52 Mitos Da Cultura Pop |
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Miyazawa apostou nos 52 capítulos que elegeu pela persistência das dúvidas, que atravessam décadas. Por isso, o livro tem um certo caráter nostálgico. "Assuntos mais recentes são mais passíveis de comprovação."
O jornalista já esboça um segundo volume e enxerga na música um bom filão. Nesta página, a Folha sugere mais alguns mitos pop da música e do cinema para alimentar o bate-papo virtual dos caçadores de mitos.
52 MITOS DO POP
AUTOR Pablo Miyazawa
EDITORA Paralela
QUANTO R$ 34,90 (232 págs.)