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    Às margens do São Francisco, festival reúne várias gerações da sanfona

    THALES DE MENEZES
    ENVIADO ESPECIAL A JUAZEIRO (BA)

    18/07/2016 02h05

    Na noite de sábado (16), alguns talentosos sanfoneiros tocaram num palco montado às margens do rio São Francisco em Juazeiro, interior da Bahia. Essa celebração encerrou o 4º Festival Internacional da Sanfona, que durante alguns dias transformou a cidade numa espécie de capital mundial do instrumento.

    Não é exagero. Desde o dia 13, sanfoneiros de todas as idades circularam pelo Centro de Cultura João Gilberto, que leva esse nome porque o pai da bossa nova é filho da cidade. Mas, nesses dias, o filho mais aclamado de Juazeiro é Targino Gondim, virtuoso da sanfona que organiza o festival, ao lado de Celso de Carvalho.

    Um "superstar" na região, é conhecido nacionalmente por ser autor de "Esperando na Janela", sucesso da voz do baiano Gilberto Gil. Targino foi uma das atrações no sábado, que teve também o mestre acreano da sanfona Chico Chagas e, como convidado especial, o cantor cearense Raimundo Fagner.

    Regina Lima/Divulgação
    Fagner e Targino Gondim durante show de encerramento do 4º Festival Internacional da Sanfona
    Fagner e Targino Gondim durante show de encerramento do 4º Festival Internacional da Sanfona

    A ideia de Targino é mostrar as várias caras que a sanfona tem. Por isso, o evento procura reunir gente de vários lugares, músicos que têm comunhão com aquele instrumento tocado junto ao peito, que muda até de nome dependendo de onde vem o tocador.

    O gaúcho Renato Borghetti, que fez um dos shows de quinta (14), toca "gaita", como é chamada a sanfona dos pampas. O argentino Gabriel Merlino toca o bandoneon, e faz isso muito bem. Deu dois shows vibrantes acompanhado da cantora Vanina Tagini, trazendo tango ao sertão.

    Outro estrangeiro foi o americano Murl Sanders, que veio de Seattle mas é cidadão do mundo, a ponto de arriscar palavras em português para se comunicar com o público.

    Entre as atrações brasileiras, várias gerações estavam representadas. Oswaldinho do Acordeon, 62, uma lenda do sanfona, emocionou o público na sexta (15) com seu jeito fluido de tocar. Contou histórias engraçadas e mostrou sua recente versão blues do clássico "Asa Branca".

    Na mesma noite, Mestrinho, 28, deu mais uma prova de que talvez seja o grande nome da geração mais nova. Sozinho no palco, sem banda para acompanhá-lo, fez um show que foi crescendo a cada música, terminando em consagração. Ele também escolheu clássicos no repertório e recordou histórias carinhosas e divertidas sobre Dominguinhos, seu grande mestre.

    Targino se apresentou com seu Quinteto Sinfônico da Bahia na abertura do festival. Ele e mais quatro sanfoneiros de primeira (Marquinhos Café, Rennan Mendes, Gel Barbosa e Sebastian Silva) mostraram a versatilidade da sanfona, que é difícil de tocar e quase sempre uma tradição familiar.

    Uma cena no lobby do hotel, na manhã do sábado: um pai levou o filho para tocar diante de Oswaldinho. O veterano ouviu com atenção e, depois, passou alguns conselhos. Quem sabe daqui a alguns anos o rapaz volte como uma das atrações do festival.

    O jornalista THALES DE MENEZES viajou a convite do festival

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