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    Militante modernista enquadra o Rio em exposição com 80 imagens

    RAUL JUSTE LORES
    DE SAO PAULO

    18/07/2016 02h02

    Às vésperas da Olimpíada, onde os cliques se alternam entre a arquitetura supérflua de Santiago Calatrava ou os inúmeros problemas da cidade olímpica, o fotógrafo mineiro Leonardo Finotti, 39, revisitou clássicos da arquitetura moderna carioca que muitas vezes não são conhecidos nem dos guias turísticos.

    Ele expõe 80 fotos em preto e branco da cidade, de 80 cm por 80 cm, na mostra "Rio Enquadrado", em cartaz em São Paulo, no Museu da Casa Brasileira, até o dia 31/7.

    Dos pilares em formato em "V" do belíssimo Hospital da Lagoa, que Oscar Niemeyer desenhou para o Banco Hipotecário Lar Brasileiro em 1952, à cruz brutalista esculpida no topo da Catedral do Rio, Finotti enquadra um outro Rio. O belo Palácio Capanema, primeiro arranha-céu a seguir as ideias de Le Corbusier no mundo, e o Museu de Arte Moderna, que desafia a gravidade no Aterro do Flamengo, estão entre os clássicos clicados.

    "Sou militante com meu trabalho autoral. É um projeto de vida divulgar nossa arquitetura moderna, que é das melhores no mundo, mas não tão reconhecida quanto deveria", diz. "Só fotografo a boa arquitetura, tem muita coisa ruim que não tenho o menor interesse em fotografar."

    Mesmo quando o verde que veste os morros da capital fluminense domina a vista, algum elemento arquitetônico surge como "resíduo da cidade", como o artista define.

    O aniversário de 450 anos do Rio no ano passado empolgou o fotógrafo, por causa do "monte de livros bacanas sobre o Rio" lançados no ano passado. "É mais desafiador fazer algo realmente bom".

    Finotti já havia levado sua militância modernista ao MoMA, o Museu de Arte Moderna de Nova York, no ano passado, na exposição "América Latina em construção: Arquitetura 1955-1980", maior retrospectiva dedicada à região nos últimos 60 anos pela prestigiada instituição novaiorquina —todas as fotos contemporâneas dos prédios exibidas eram dele.

    As de Brasília ocupavam uma das principais salas de mostra, exibida no 6º andar, o mais nobre do museu. Quinze fotos dele foram adquiridas para o acervo do MoMA.

    "Eles queriam que houvesse uma itinerância, mas ninguém se planejou ou imaginou que tivesse aquela escala." O MoMA começou a organizá-la em 2008, sete anos antes da mostra.

    Formado em Arquitetura pela Federal de Uberlândia, ele já teve seus trabalhos expostos em duas bienais de Veneza, na Trienal de Milão e na Bauhaus alemã. Expôs fotos de Niemeyer em Tóquio e abrirá uma exposição individual no mês que vem em Baden, na Suíça.

    Estudou fotografia durante a faculdade, quando já fotografava obras do pai, Luiz Humberto, também arquiteto. A mulher, Michelle, também arquiteta, é curadora e produtora de suas exposições. Juntos, abriram o Lama.Sp (Latin American Modern Architecture), espaço para mostras de fotografia no alto do Mirante do Vale, maior arranha-céu de São Paulo, de onde se pode avistar arquitetura variada.

    *

    RIO ENQUADRADO
    Artista Leonardo Finotti
    Quando até 31/7
    Onde Museu da Casa Brasileira, av. Brigadeiro Faria Lima, 2.705, tel. (11) 3032-3727
    Quanto grátis

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