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    Sem livros de colorir, mercado editorial fecha semestre em queda

    RODOLFO VIANA
    DE SÃO PAULO

    19/07/2016 12h06

    Karime Xavier/Folhapress
    SÃO PAULO / SÃO PAULO / BRASIL -09 /12/15 -12 :00h - BAIRRO DA LIBERDADE. Livraria Fonomag. ( Foto: Karime Xavier / Folhapress). ***EXCLUSIVO***MORAR
    Livraria no bairro da Liberdade, em São Paulo

    O mercado editorial, que viu 2015 passar quase em branco, observa as contas próximas do vermelho neste ano. Sem o fenômeno dos livros de colorir —além da crise econômica que assola todos os setores—, as vendas de livros enfrentam forte queda.

    É o que mostra a edição mais recente do "Painel de Vendas de Livros no Brasil", estudo mensal realizado pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel) e pela Nielsen BookScan.

    Neste semestre, em comparação com o mesmo período de 2015, as vendas caíram 16,3% em volume e 6,94% em faturamento —considerando a inflação acumulada nos últimos 12 meses, a diminuição real na receita é de 15,61%.

    O documento evidencia o impacto das vendas dos livros de colorir no ano anterior. Em uma simulação que desconsidera tais títulos, os resultados ainda seriam negativos, mas menos catastróficos: a redução em vendas seria de 11,25% em volume, e 2,83% em faturamento.

    "A queda em volume foi o que me chamou mais a atenção", afirma Marcos da Veiga Pereira, presidente do Snel e um dos fundadores da editora Sextante, "porque você fala de menos livros lidos, e talvez menos pessoas lendo."

    Mercado editorial - Por volume de vendas em cada um dos períodos

    Mercado editorial - Por valor de vendas em cada um dos períodos, em R$

    Quanto ao preço médio de capa, houve aumento de 9,49% —abaixo da inflação acumulada entre julho de 2015 e junho de 2016, de 12,21%. Se no fim do primeiro semestre de 2015 um livro custava R$ 39,31, hoje ele sai por R$ 43,04.

    Pereira diz que o não acompanhamento da inflação é um fato histórico. "por exemplo: em 2004, nós [a Sextante] lançamos 'O Código da Vinci' [de Dan Brown], com umas 400 páginas, por R$ 39,90. Se atualizarmos pela inflação, ele sairia hoje por R$ 79,90. Em 2016, nós lançamos 'Lava Jato' [de Vladimir Netto], com umas 400 páginas, pelos mesmos R$ 39,90."

    O levantamento mostra ainda que a fatia de mercado dos 500 best-sellers é menor: queda de 10,03% no valor e 11,79% em volume. Isso significa que a venda está mais pulverizada neste semestre do que no mesmo período de 2015.

    Entretanto, os 500 títulos ainda têm grande representatividade: correspondem a 24,4% de toda a receita do mercado, e a 31,6% de todos os exemplares vendidos.

    Entre os gêneros, o destaque positivo fica com os títulos de não ficção especialista (obras de matemática e ciências, gerenciamento e negócios, medicina e saúde etc.). Do primeiro semestre de 2015 ao mesmo período deste ano, eles saltaram 21,7% e representam atualmente 30,54% de todo o faturamento.

    O destaque negativo fica com títulos de não ficção trade (onde estavam inseridos os livros de colorir). O faturamento deles caiu 22,7% em comparação ao primeiro semestre de 2015 e, hoje, tais títulos correspondem a 22,06% da receita total.

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