Marcos Michael - 29.nov.2011/Ilustrada | ||
Retrato de Sergio Machado, presidente do grupo editorial Record, no Rio |
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Ilustrada
Monday, 06-May-2024 00:42:48 -03Morre aos 68 anos Sergio Machado, presidente do Grupo Editorial Record
MAURÍCIO MEIRELES
RODOLFO VIANA
DE SÃO PAULO20/07/2016 11h18 - Atualizado às 12h23
Sergio Machado, presidente do grupo Editorial Record, morreu na noite de terça (19) aos 68 anos, em razão de complicações de uma cirurgia a que se submeteu em novembro de 2015, para retirar um tumor da meninge.
A informação foi divulgada pela editora na manhã desta quarta (20). Ele estava internado na Clínica São Vicente, no Rio de Janeiro.
O velório será realizado no Cemitério do Caju, no Rio de Janeiro, a partir das 14h.
"O Sergio deixa um legado importante e uma missão: a valorização dos nossos autores, que é o grande patrimônio do Grupo Record", disse Sônia Machado Jardim, irmã do editor, que oficialmente assumirá a presidência da empresa, papel que ocupava interinamente desde a internação de Sergio.
Economista, o editor deixou o emprego na Vale do Rio Doce aos 24 anos para trabalhar na empresa fundada pelo pai, Alfredo, e pelo tio, Décio. Assumiu a presidência do grupo em 1991, promoveu a compra de editoras e criou novos selos para diversificar o catálogo da casa.
"Eu conhecia muito bem o pai de Sergio e sou amigo da família há 40 anos. É uma grande perda", diz Paulo Rocco, presidente da editora que leva seu sobrenome.
Com Machado, a Record passou a apostar de forma mais forte na literatura comercial, mas valorizando também os "long-sellers" (livros que não vendem muito, mas vendem sempre).
Assim que assumiu o grupo, contratou a então jornalista Luciana Villas-Boas para ajudar a fortalecer a marca. Ela trabalhou na editora até 2012, como diretora editorial, quando saiu para abrir uma agência literária.
"Sob Sergio, a Record deu imenso estímulo à literatura brasileira", diz Villas-Boas. "Enquanto Alfredo Machado atraiu à editora grandes nomes da literatura brasileira já consagrados, como Graciliano Ramos e Carlos Drummond, na gestão de Sergio a Record criou seus próprios autores, muitos deles hoje já quase canônicos".
Sob o comando de Machado, o Grupo Record acumulou selos de prestígio, como a Civilização Brasileira e a José Olympio.
Com as aquisições, ele transformou a empresa da família em um dos maiores grupos da América Latina. Atualmente, a Record tem cerca de 8.000 títulos em catálogo.
"Sergio teve uma noção muito de vanguarda de movimento editorial no mundo. Não existe no Brasil quem conheça mercado editorial como Sergio. A perda dele é o fim de uma era", diz Carlos Andreazza, editor-executivo da Record.
Conhecido pelo tino comercial, Machado seguiu o caminho de seu pai ao valorizar a literatura de entretenimento —ainda que, sob seu guarda-chuva, quase todo o espectro do meio editorial fosse contemplado.
Tanto que, na Record, títulos de apelo comercial conviveram com clássicos literários, como Gabriel García Marquez, Rachel de Queiroz, Harper Lee e outros.
Nos últimos anos, as obras de alguns autores muito associados à Record, como Jorge Amado e Ferreira Gullar, acabaram deixando a editora.
Machado trabalhava há alguns anos em um livro de memórias, cujo destino fica em suspenso com a sua morte.
"Vez ou outra contava um caso que havia incluído. Eu respondia, que quando ele terminasse, me candidataria a editá-lo. Mas era apenas uma brincadeira entre colegas. Não sei quantas páginas ele chegou a escrever. Caso ele tenha terminado, não serei o editor, mas certamente serei um ávido leitor", conta Roberto Feith, ex-presidente da Objetiva.
O editor também entrou em polêmicas quando achou necessário. Em 2011, ameaçou não mais participar do Prêmio Jabuti, por não concordar com o troféu principal dado a Chico Buarque, que havia ficado em segundo colocado na categoria de romance.
Em 2004, na segunda Flip, chegou a distribuir uma carta entre amigos afirmando que o evento literário era percebido como um evento da Companhia das Letras.
Machado deixa a mulher, Maria do Carmo, três filhas e três netos, Roberta e Rafaella, filhas do editor, comandam o selo Galera Record, destinado a publicações infantojuvenis.
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