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    Morre aos 68 anos Sergio Machado, presidente do Grupo Editorial Record

    MAURÍCIO MEIRELES
    RODOLFO VIANA
    DE SÃO PAULO

    20/07/2016 11h18 - Atualizado às 12h23

    Marcos Michael - 29.nov.2011/Ilustrada
    RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL, 29-12-2011:, Sergio Machado, presidente do grupo editorial Record. (Marcos Michael/Ilustrada) **EXCLUSIVO FOLHA**
    Retrato de Sergio Machado, presidente do grupo editorial Record, no Rio

    Sergio Machado, presidente do grupo Editorial Record, morreu na noite de terça (19) aos 68 anos, em razão de complicações de uma cirurgia a que se submeteu em novembro de 2015, para retirar um tumor da meninge.

    A informação foi divulgada pela editora na manhã desta quarta (20). Ele estava internado na Clínica São Vicente, no Rio de Janeiro.

    O velório será realizado no Cemitério do Caju, no Rio de Janeiro, a partir das 14h.

    "O Sergio deixa um legado importante e uma missão: a valorização dos nossos autores, que é o grande patrimônio do Grupo Record", disse Sônia Machado Jardim, irmã do editor, que oficialmente assumirá a presidência da empresa, papel que ocupava interinamente desde a internação de Sergio.

    Economista, o editor deixou o emprego na Vale do Rio Doce aos 24 anos para trabalhar na empresa fundada pelo pai, Alfredo, e pelo tio, Décio. Assumiu a presidência do grupo em 1991, promoveu a compra de editoras e criou novos selos para diversificar o catálogo da casa.

    "Eu conhecia muito bem o pai de Sergio e sou amigo da família há 40 anos. É uma grande perda", diz Paulo Rocco, presidente da editora que leva seu sobrenome.

    Com Machado, a Record passou a apostar de forma mais forte na literatura comercial, mas valorizando também os "long-sellers" (livros que não vendem muito, mas vendem sempre).

    Assim que assumiu o grupo, contratou a então jornalista Luciana Villas-Boas para ajudar a fortalecer a marca. Ela trabalhou na editora até 2012, como diretora editorial, quando saiu para abrir uma agência literária.

    "Sob Sergio, a Record deu imenso estímulo à literatura brasileira", diz Villas-Boas. "Enquanto Alfredo Machado atraiu à editora grandes nomes da literatura brasileira já consagrados, como Graciliano Ramos e Carlos Drummond, na gestão de Sergio a Record criou seus próprios autores, muitos deles hoje já quase canônicos".

    Sob o comando de Machado, o Grupo Record acumulou selos de prestígio, como a Civilização Brasileira e a José Olympio.

    Com as aquisições, ele transformou a empresa da família em um dos maiores grupos da América Latina. Atualmente, a Record tem cerca de 8.000 títulos em catálogo.

    "Sergio teve uma noção muito de vanguarda de movimento editorial no mundo. Não existe no Brasil quem conheça mercado editorial como Sergio. A perda dele é o fim de uma era", diz Carlos Andreazza, editor-executivo da Record.

    Conhecido pelo tino comercial, Machado seguiu o caminho de seu pai ao valorizar a literatura de entretenimento —ainda que, sob seu guarda-chuva, quase todo o espectro do meio editorial fosse contemplado.

    Tanto que, na Record, títulos de apelo comercial conviveram com clássicos literários, como Gabriel García Marquez, Rachel de Queiroz, Harper Lee e outros.

    Nos últimos anos, as obras de alguns autores muito associados à Record, como Jorge Amado e Ferreira Gullar, acabaram deixando a editora.

    Machado trabalhava há alguns anos em um livro de memórias, cujo destino fica em suspenso com a sua morte.

    "Vez ou outra contava um caso que havia incluído. Eu respondia, que quando ele terminasse, me candidataria a editá-lo. Mas era apenas uma brincadeira entre colegas. Não sei quantas páginas ele chegou a escrever. Caso ele tenha terminado, não serei o editor, mas certamente serei um ávido leitor", conta Roberto Feith, ex-presidente da Objetiva.

    O editor também entrou em polêmicas quando achou necessário. Em 2011, ameaçou não mais participar do Prêmio Jabuti, por não concordar com o troféu principal dado a Chico Buarque, que havia ficado em segundo colocado na categoria de romance.

    Em 2004, na segunda Flip, chegou a distribuir uma carta entre amigos afirmando que o evento literário era percebido como um evento da Companhia das Letras.

    Machado deixa a mulher, Maria do Carmo, três filhas e três netos, Roberta e Rafaella, filhas do editor, comandam o selo Galera Record, destinado a publicações infantojuvenis.

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