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    'Estamos vivendo uma barra pesada', diz o músico Jards Macalé

    JOSÉ FLÁVIO JÚNIOR
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    20/07/2016 17h00

    Um show de voz e violão em que tudo pode rolar. É o que promete Jards Macalé, 73, nos dois encontros marcados com seus fãs paulistanos no Itaú Cultural nesta quinta (21) e sexta (22), que celebram meio século de carreira do cantor e compositor carioca.

    É certo que canções de assinatura como "Vapor Barato" e "Movimento dos Barcos" não ficarão de fora. Mas Macao também pretende tocar a música que compôs para o filme "Big Jato" (em que atuou) e uma parceria ainda inédita com Caetano Veloso, que por enquanto leva o nome de "A Cidade Continua".

    Ze Carlos Barretta/Folhapress
    Jards Macalé, cantor e compositor, que está completando 50 anos de carreira
    Jards Macalé, cantor e compositor, que está completando 50 anos de carreira

    Leia, a seguir, entrevista do músico à Folha.

    *

    Folha - Você toca com músicos da Abayomy Afrobeat Orquestra, fez show com Metá Metá e tem ligações com Ava Rocha. O que pensa dessa geração atual?
    Jards Macalé - Acho maravilhosa. É uma geração do risco. Está arriscando novas formas de fazer música, tanto nas letras como nos instrumentos, arranjos. E eu fiz isso e continuo fazendo, por isso que estamos próximos.

    Você é identificado com alguns dos momentos mais ousados de Caetano e Gal Costa. O que acha dos últimos discos deles?
    O "Transa" (1972), o "Gal" (1969) e o "Legal" (1970) eu volta e meio ouço para não perder o caminho da roça. Tinha mesmo ousadia ali. Já com as coisas que eles lançaram recentemente eu não estou conectado, não. Mas podem ser boas. Eles são bons.

    Você foi muito homenageado nos últimos anos: exposição, disco tributo, relançamentos. Que sentimento isso te traz?
    Não me engessa. Serve para que eu mesmo tome contato com o que já fiz e me reconheça ali. Sinto-me modestamente agradecido.

    Viu evolução na questão dos direitos autorais no Brasil?
    Não. Continua o mesmo mecanismo. Com a internet, os direitos também se diluem. Às vezes, recebo 22 centavos. Aí eu rio. Para não chorar, né?

    A crise econômica te afetou?
    Demais. Eu vivo de shows, não de direitos autorais. Tem de diminuir banda, as apresentações rareiam. A gente está vivendo uma barra pesada. Mas, esmorecer, jamais.

    É hora de mudar, como você defende há anos, a inscrição na bandeira nacional para "Amor, Ordem e Progresso"?
    Mais do que nunca! Há um ódio no ar, a gente precisa de amor. Amor por princípio, ordem por base e progresso por fim, que era o lema positivista do Auguste Comte. O corte no amor facilitou essa coisa rancorosa que vivemos hoje.

    JARDS MACALÉ
    QUANDO qui. (21) e sex. (22), às 20h
    ONDE Itaú Cultural, av. Paulista, 149, tel. (11) 2168-1776
    QUANTO grátis
    CLASSIFICAÇÃO livre

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