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    Filme com dezenas de atores escancara anonimato da 'internet sem rosto'

    GUILHERME GENESTRETI
    DE SÃO PAULO

    22/07/2016 17h00

    Divulgação
    Cena do filme "Linha de Fuga", de Alexandre Stockler
    Cena do filme "Linha de Fuga", de Alexandre Stockler

    Na torrente de relacionamentos via aplicativos, a internet não tem rosto. "As pessoas vão fantasiando imagens das outras", diz o diretor Alexandre Stockler.

    Stockler, do polêmico "Cama de Gato" (2002) levou o anonimato virtual para seu novo filme, "Linha de Fuga", que será exibido neste sábado (23) no Festival de Cinema Latino-Americano.

    Na trama, um casal que não se conhece usa a web para conversar: os dois compartilham experiências amorosas e engatam longo jogo erótico que vai descambar para o sexo virtual.

    "O toque está cada vez mais raro", diz o diretor. "E não é necessariamente o toque físico, é a profundidade do negócio. Os relacionamentos estão cada vez mais fluidos e, mesmo quando se trans,a a pessoa busca o prazer dela mesma em vez da troca. O sexo era uma das grandes conexões e perdeu esse elemento. Eu acho perigoso."

    Stockler escalou mais de 40 atores, que se alternam em cena vivendo os dois anônimos da "internet sem rosto". Eles tiveram preparação para encarar os personagens, mas foram proibidos de conhecer pessoalmente quem está do outro lado do monitor.

    O filme faz parte de um projeto maior do diretor, que exibiu na última Mostra de SP "Linha de Fuga 2.0": os mesmos roteiro e diálogos, mas com apenas dois atores cujos rostos o espectador não vê –a câmera é posicionada na cabeça deles, de modo que quem assiste ao filme só pode ver partes do corpo deles, mas nunca a cara.

    "É uma outra forma de lidar com a internet sem rosto", diz Stockler, que financiou ambos os filmes com dinheiro próprio e que espera lançá-los simultaneamente no circuito comercial.

    Se em 'Linha de Fuga', a abordagem se dá pelo número múltiplo de atores que se revezam no mesmo papel do casal, em "Linha de Fuga 2.0", ele deixa para o espectador imaginar o rosto dos dois personagens.

    "A força do projeto é deixar boa parte da criação para a cabeça do espectador, para que ele não fique passivo."

    LINHA DE FUGA
    DIREÇÃO Alexandre Stockler
    PRODUÇÃO Brasil, 2016, 18 anos
    QUANDO sáb. (23), às 22h, no Memorial da América Latina, av. Auro Soares de Moura Andrade, 664, tel. (11) 2769-8098
    QUANTO grátis

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