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A escritora argentina Samanta Schweblin |
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Monday, 29-Apr-2024 23:27:20 -03CRÍTICA LIVRO/NOVELA
Intérprete do inquietante, Schweblin ousa em novela
JOCA REINERS TERRON
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA23/07/2016 02h01
Novas intérpretes do inquietante têm surgido na literatura de língua espanhola, em grande parte mulheres. Herdeiras de Silvina Ocampo e Clarice Lispector (e como influência não é algo necessariamente permeado pela questão de gênero: de Borges, Bioy e Cortázar), autoras mexicanas como Guadalupe Nettel e Daniela Tarazona ou argentinas como Mariana Enríquez e Samanta Schweblin não apenas se apropriam da longa tradição do fantástico, mas a reinventam.
A estreia de Schweblin no relato longo comprova porque ela, dentre as citadas, é a mais ousada formalmente. "Distância de Resgate" é composta somente por diálogos, e sua brevidade (144 páginas na edição brasileira, 124 na original) não a torna menos complexa.
Ao eliminar cenário e descrição, a extrema condensação da novela responsabiliza o leitor a contribuir com sua imaginação. Em entrevista, Schweblin já afirmou corretamente que a parte do escritor corresponde apenas a 50% do trabalho.
Em comum com suas contemporâneas, além da predileção pela narrativa curta, está o interesse pelo absurdo mundo atual.
Se em Mariana Enríquez a ditadura argentina e seus desaparecidos políticos ressurgem em tramas do gênero "gore", "Distância de Resgate" opera um tema ancestral (o medo materno de perder a cria —a expressão que dá título ao livro seria o cálculo inconsciente da "distância variável" que separa a mãe de um filho), adicionando envenenamentos por agrotóxicos em uma região dos pampas tomada pela monocultura.
Distância De Resgate Samanta Schweblin Comprar Aos poucos, conforme se avança na leitura, sabemos que Amanda conversa com David, filho de Carla, um menino que se intoxicou. Ela está à procura de Nina, sua filha, e ele tenta orientá-la a respeito do instante crucial, "o ponto exato onde nascem os vermes".
Sabe-se apenas que o garoto foi contaminado letalmente, que Amanda está à beira da morte, e pouco mais. O suor despendido pelo leitor não será gerado apenas pelo labor imaginativo, mas pela tensão.
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