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    À frente de talk show, Tony Ramos fala sobre homofobia, Deus e séries de TV

    GABRIELA SÁ PESSOA
    DE SÃO PAULO

    27/07/2016 02h01 - Atualizado às 17h14 Erramos: esse conteúdo foi alterado

    O olhar atento de Tony Ramos recai sobre seus entrevistados como o facho de luz que recorta suas silhuetas no cenário de "A Arte do Encontro", programa que estreia nesta quarta (27) no Canal Brasil.

    Em 13 episódios, o anfitrião dispensa roteiros e conduz considerações diversas de seus entrevistados sobre a existência. Conversa sobre tecnologia, religião e tolerância com Antonio Fagundes, José de Abreu, Zeca Pagodinho, Nathalia Timberg, Bárbara Paz, entre outros.

    À Folha, por telefone, Tony Ramos, 67, começou falando sobre a estreia como entrevistador de um programa semanal (é a primeira vez neste papel em seus 52 anos de carreira) e terminou filosofando sobre a existência de Deus.

    *

    Autorretrato moderno

    Não quero saber da vida de ninguém. Não tenho Facebook, não tenho Twitter, não tenho Instagram. Dia desses me perguntaram do Snapchat, e eu respondi: O quê? Se você encontrar algum Tony Ramos no Facebook, pode saber que é fake. Você vai ficando escravo de uma, entre aspas, modernidade –é preciso se servir da modernidade, não servir a ela.

    Fui tirar a segunda via da minha carteira de identidade no Poupatempo da Lapa [no em São Paulo]. Puxei a senha, fiquei na fila, dei autógrafo, tirei fotografia –o autorretrato, que preferem chamar de selfie. O tal de selfie é uma falta de personalidade brasileira. Fala autorretrato, é lindo. Nossa língua é tão bonita.

    Boataria

    Chegavam em mim e perguntavam: "Saiu no Facebook, em algum lugar, que a Friboi é do filho do Lula". Falei: "Ô louco, não estou sabendo, não". Quando fiz a pesquisa, antes de topar propaganda, vi que é uma empresa sólida, com ações na bolsa.

    Mas começou a se falar [sobre o frigorífico pertencer ao filho de Lula], como se fala de tudo. Se você não dá certo hoje na vida, é porque é culpa da Dilma, não é isso que fazem? Vira piada. Mas vi que não era, os documentos provam.

    Imagem

    É muito difícil eu fazer propaganda. Fiz [a campanha da Friboi] porque eu como carne. Tem gente que anuncia remédio, não tem?

    Eu não anuncio, remédio quem recomenda é o médico. A mesma coisa bebida alcoólica –bebo, mas não anuncio. Muita criança me assiste, não quero que me vejam anunciando álcool como se aquilo fosse um copo de água.

    A Friboi tem, sim, o interesse de fazer novas campanhas, mas por enquanto não temos nada, não.

    Tolerância

    Liberdade é produzir em dramaturgia o que você imagina que seja o diferente. Mas você também não pode produzir dramaturgia às 22h e colocar alguém nu, fazendo sexo explícito. A cena [de sexo entre dois homens] de "Liberdade, Liberdade" [no ar na Globo] foi maravilhosa, de uma sensibilidade absoluta.

    Tem que discutir esse assunto, ué. Vai botar para debaixo do tapete, o que é isso?

    Quem tem medo de homossexualidade tem problema. Quem é cristão e se diz temente a Deus não pode ser preconceituoso. Quem acredita Nele é libertário, compreensível com todo tipo de manifestação.

    Televisão

    Assisto a tudo, [aos serviços] Net Now, Netflix. E nem tudo é bom, não. Não vou dizer o quê –posso dizer o que curti. Adoro ver "Ray Donovan" no HBO. É maravilhoso, fala sobre a decrepitude da sociedade moderna, em que os valores são violentados.

    "Breaking Bad" é novela, cara. Primeiro, segundo capítulo. Será que o Walter White vai se curar? É novela. Dramaturgia. Tem gente que quer ver todos os episódios de uma vez, e passa dez horas assistindo... Tá louco, não quero isso. É preciso saborear, conversar. Refletir.

    NA TV
    A Arte do Encontro
    QUANDO às 21h30, no Canal Brasil

    Edição impressa

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