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    Novos Baianos veem turnê que retoma disco 'Acabou Chorare' como 'missão'

    LUIZ FERNANDO VIANNA
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    03/08/2016 02h34 - Atualizado às 15h52 Erramos: esse conteúdo foi alterado

    Com idades entre 64 e 78 anos, os Novos Baianos já não são tão novos assim. Mas jovialidade não falta quando, entre risadas e recordações, estão juntos para falar de mais um retorno do grupo.

    Eles começam por São Paulo, nos dias 12 e 13 de agosto, no Citibank Hall, a turnê "Acabou Chorare e os Novos Baianos se Encontram". Terão como base o disco clássico "Acabou Chorare", de 1972. Depois virão Rio de Janeiro (2 e 3 de setembro), Belo Horizonte (10 de setembro) e, provavelmente, mais cidades.

    "Podemos completar cem anos que continuaremos sendo Novos Baianos", diz a cantora Baby do Brasil, em entrevista num hotel da zona sul do Rio. "Somos uma família. Quando a gente se encontra, tudo pode acontecer."

    Em maio, ela convenceu Moraes Moreira, Pepeu Gomes e Paulinho Boca de Cantor a reviver os Novos Baianos na Concha Acústica do Teatro Castro Alves, em Salvador.

    Os quatro formam com o letrista Luiz Galvão o núcleo do conjunto criado em 1968 e dissolvido em 1979 –Moraes saíra quatro anos antes.

    Os dois shows renderam muitos convites e a chance de novo projeto coletivo –já houve a turnê "Infinito Circular" em 1997 e apresentações episódicas como a da Virada Cultural de 2009. Também devem participar Jorginho Gomes, Didi Gomes (irmãos de Pepeu) e Dadi Carvalho.

    O quinteto rechaça a ideia de que o principal objetivo do reencontro é comercial. Mas Moraes não reprime a ironia: "Tanto não é comercial que às vezes até se torna".

    Quando fala mais sério, é em tom grandioso. "Sinto que os Novos Baianos têm uma missão no Brasil. Aparecemos num contexto político difícil [a ditadura militar] e viemos para levantar a autoestima do povo brasileiro. Quando cantávamos 'Chegou a hora dessa gente bronzeada mostrar seu valor' [do samba 'Brasil Pandeiro', de Assis Valente], era para acreditar que podíamos sair daquele momento. E saímos: da ditadura para a democracia. Hoje é a mesma missão: sair dessa para uma melhor."

    TRABALHO VIVO

    "O disco 'Acabou Chorare' foi um amanhecer lindo num país cinzento", afirma Paulinho. Ali misturaram rock com samba, guitarra com cavaquinho, e mostraram composições diferentes de tudo o que se conhecia: "Preta, Pretinha", "A Menina Dança", "Mistério do Planeta", "Besta É Tu"...

    Um júri formado em 2007 pela revista "Rolling Stone" apontou "Acabou Chorare" como o melhor disco já feito no Brasil. "Deu tão certo porque não foi nada programado", diz Pepeu. "Entramos no estúdio e tocamos. Tínhamos só quatro canais de gravação e saiu aquela maravilha. Hoje usam 128 canais e, às vezes,não sai nada."

    Na época, eles foram morar juntos num sítio em Jacarepaguá, na zona oeste do Rio. Na comunidade hippie, havia muito futebol, muito samba, choro e rock'n'roll.

    "As pessoas me perguntam: 'Que horas vocês ensaiavam?'. A vida era um ensaio", conta Moraes, que recentemente ouviu uma adolescente dizer que o sonho dela era ter vivido no sítio com eles. "Falei: 'Tome juízo, menina. Você não sabe o que acontecia lá'."

    Os filhos começaram a nascer naquele sítio. Viraram músicos, como Davi Moraes, Pedro Baby (um dos seis filhos de Baby e Pepeu), Betão Aguiar e Gil Oliveira (filhos de Paulinho).

    A geração deles e os ainda mais novos continuam cantando as composições dos Novos Baianos. "Os pais e os avós mostram para a garotada que os Novos Baianos são o caminho de casa da música brasileira", acredita Baby.

    "Nosso trabalho era para o futuro. Não estamos relembrando algo que fizemos há 40 anos. Estamos mostrando um trabalho vivo, que as novas gerações adoram", afirma Paulinho.

    ACABOU CHORARE E OS NOVOS BAIANOS SE ENCONTRAM
    QUANDO sex. (12) e sáb. (13), 22h30 (SP); sex. (2/9) e sáb. (3/9), 22h30 (Rio); sáb. (10/9), 22h (Belo Horizonte)
    ONDE Citibank Hall, av. Nações Unidas, 17.955 (SP); Metropolitan, av. Ayrton Senna, 3.000 (Rio); BH Hall, av. Nossa Senhora do Carmo, 230 (Belo Horizonte)
    QUANTO a partir de R$ 200 (SP); a partir de R$ 180 (Rio); a partir de R$ 40 (Belo Horizonte)

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