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    Em crise, TV Cultura recorre a reprises e estrangeiros

    GABRIELA SÁ PESSOA
    DE SÃO PAULO

    11/08/2016 02h10

    O que é possível fazer com R$ 692 mil na TV? De produção original, quase nada –o valor não cobre um capítulo da novela "A Terra Prometida" (Record), de R$ 720 mil.

    Os R$ 692 mil foram declarados pela TV Cultura ao MinC por "Sherlock" (três temporadas) e "Doctor Who" (oito), ambas da BBC. O canal gastou R$ 558,5 mil por quatro safras de "Downton Abbey". Tudo via Lei Rouanet –as informações foram obtidas pela por lei de acesso à informação.

    Reprodução
    Cena da série Peppa Pig: as Botas de Ouro e Outras Histórias *** ****
    Cena da série "Peppa Pig: as Botas de Ouro e Outras Histórias"

    As cifras revelam o abismo não só entre a Cultura e a igualmente pública BBC, britânica, mas entre a emissora e seu próprio passado.

    Nos anos 1980, o canal criou programas vanguardista como o musical "Fábrica do Som", de Tadeu Jungle. Uma década mais tarde, vieram "Castelo Rá-Tim-Bum" (1994) e "Cocoricó" (1996).

    A emissora entra na terceira gestão de Marcos Mendonça, a segunda consecutiva, com a grade preenchida principalmente por reprises. O espaço a programas estrangeiros cresceu no ano passado em relação a 2014. Este ano, há previsão de R$ 5 milhões em investimentos, metade de 2015.

    A decisão de comprar "A Pantera Cor de Rosa" (1963) por US$ 24,8 mil (R$ 75 mil na cotação do contrato) surpreendeu diretores da emissora. Saiu barato –um episódio de "Pica-Pau", pode custar de US$ 150 a US$ 1.000, dependendo do ineditismo. A questão é se não seria melhor investir em uma produção atual/original ou nacional?

    "Pantera" usou recursos de Rouanet no mesmo projeto que adquiriu "Peppa Pig". "São produtos que dão audiência enorme, o departamento comercial acha importante. É essencial oferecer a quem não tem TV a cabo. Temos uma obrigação com as crianças pobres do Brasil", diz Mendonça.

    O desenho é hoje uma das cinco maiores audiências da casa, com um ponto (197,8 mil espectadores, na Grande São Paulo), segundo o Ibope.

    Em dezembro, a Cultura apresentou ao mercado publicitário 12 atrações que deveriam estrear em 2016. Por falta de patrocínio, nenhuma saiu do papel. A emissora diz que começou a produção de um dos 12 projetos "Terra Dois", com Maria Fernanda Cândido, e a nova versão de "Vila Sésamo", que estava planejada para o segundo semestre do ano passado.

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