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    Crítica

    'Godspell' retoma o melhor dos musicais off-Broadway

    NELSON DE SÁ
    DE SÃO PAULO

    12/08/2016 17h00

    "Godspell" tem paralelos com "Urinal", que em 2015 mostrou que musical americano não precisa ser sinônimo de criação colonizada. São ambas peças nascidas off-Broadway, com questionamentos políticos e estéticos ao próprio modelo da Broadway, que resultam em montagens brasileiras de grande integração e virtuosismo dos atores –e sem nada da grandiosidade cenográfica associada ao gênero.

    No caso, "Godspell" foi visto numa quinta-feira de muito frio em São Paulo, mas elenco e banda transmitiram um arrebatamento que nada parecia capaz de abalar. A confiança levou as vozes a extremos, sem deslize perceptível, e confirmou o acerto do diretor Dagoberto Feliz e do diretor musical Carlos Alberto Júnior ao manter a concentração nos atores-cantores.

    Seguindo o original, que surgiu de uma encenação universitária levada ao alternativo La MaMa, é quase um ensaio, com personagens desenvolvidos e mantendo os nomes daqueles atores de 1971. Os papéis extremamente característicos –como os jovens das comédias adolescentes no cinema de hoje– permitem atuações seguras de todo o jovem elenco, como Nathália Borges, fazendo a dramática Sonia, e Juliana Peppi, a exaltada Joanne.

    Juliana, Beto Sargentelli e Pedro Navarro abrem o segundo ato com um misto de competição e exibição de voz, que confirma a qualidade vocal dos três e acentua o espírito comunitário que sai da peça para envolver o público.

    É quase impossível destacar um ou dois entre os dez atores, que ganham cada um seu momento, seu foco de luz –o que também reflete a fraternidade cristã tirada das parábolas de Mateus, tão conhecidas, como evidencia uma cena com participação da plateia. Mas Sargentelli, que faz Judas, um dos papéis que não levam o nome do ator original, é quem reflete melhor e concentra a toada de "Godspell".

    Rafael Pucca, como Jesus, divide a narração e o comando da peça, também com seus grandes momentos no foco. Mas enfrenta o maior obstáculo da produção, que é o fato de ser divulgada, em cartazes e tudo mais, com outro no papel, Leonardo Miggiorin, que pouco vai ao teatro. Novamente, o problema é de produção, não da encenação, que passa bem, sem ele.

    GODSPELL, O MUSICAL
    QUANDO qui., às 21h; sex., às 17h e às 21h30; sáb., às 21h; dom., às 20h; até 9/10
    ONDE Teatro das Artes - shopping Eldorado, av. Rebouças, 3.970, tel. (11) 3034-0075
    QUANTO: R$ 60 a R$ 100; livre

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