• Ilustrada

    Saturday, 04-May-2024 08:27:56 -03

    Livros reúnem inéditos de Rubem Braga sobre música, arte e política

    MAURÍCIO MEIRELES
    DE SÃO PAULO

    13/08/2016 01h30

    Divulgação
    o escritor capixaba Rubem Braga, em foto que fará parte da exposição "Ruben raga - O Fazendeiro do Amor", em Vitória, Espírito Santo. (Foto: Divulgação) ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
    O cronista Rubem Braga

    Um Rubem Braga que se opõe a Getúlio Vargas. Outro que acompanha a boemia carioca tocando uns sambas em caixas de fósforo. E mais um que fica com os olhos cheios ao ver telas de artistas.

    É uma trinca de reis o que agora está na mesa. Chegam às prateleiras, em uma caixa, três edições com textos do cronista inéditos em livro. E cada um com um recorte próprio: um sobre música, outro sobre artes visuais e, um terceiro, sobre política.

    Fruto de um levantamento nos papéis do autor de Cachoeiro de Itapemirim (ES) guardados na Casa de Rui Barbosa, os textos foram descobertos por três pesquisadores.

    O de música é fruto do trabalho do pesquisador musical Carlos Didier; o de artes visuais, do crítico literário André Seffrin; e o de política, do cientista social Bernardo Buarque de Hollanda.

    Os três volumes traçam um longo panorama da história do Brasil em cada uma das áreas. Nas crônicas sobre música, por exemplo, basta dizer que começam quando Noel Rosa ainda estava vivo, em 1936, e chegam a documentar o surgimento de fenômenos como Chico Buarque, Elis Regina e Rita Lee.

    As crônicas ainda servem de documento sobre a vida boêmia na antiga capital da república, primeiro no famoso Café Nice, no centro do Rio, até sua migração para a zona sul.

    "Foi um espanto. Tinha visto duas crônicas dele para a biografia do Noel Rosa [escrita com o jornalista João Máximo]. Não podia imaginar que era uma coisa de vida inteira. O Rubem Braga testemunha a canção brasileira desde os tempos de Noel e Orestes Barbosa", diz Didier.

    O mesmo vale para os escritos sobre artes visuais. Nas crônicas, Rubem Braga passa pelas obras de Oscar Niemeyer, Lasar Segall, Goeldi e Guignard, entre outros. Aliás, a pesquisa para esse volume é a mais antiga –Seffrin começou a fazê-la em 1986.

    "É um testemunho incontornável para qualquer estudioso da arte brasileira. Sabia-se que Rubem Braga publicou muito sobre arte, mas quase nada se conhecia bem. E há material para mais um ou dois livros como esse", diz Seffrin.

    Caixa Rubem Braga
    Rubem Braga
    l
    Comprar

    O organizador, que trabalhou com Walmyr Ayala nos anos 1980, conta que Rubem costumava ligar para o escritor e crítico de arte para bater papo sobre exposições, comentar o trabalho de um ou outro artista.

    Um dos pontos altos do volume sobre política é a crônica de Rubem Braga, em 1954, sobre a morte de Getulio Vargas –de quem sempre foi adversário. Outros vultos da república desfilam pelas páginas, de Dutra a Collor, passando por presidentes militares.

    "Braga foi um jornalista que não teve pudor de interpelar os donos do poder. Ele fiscalizou os políticos por meio de uma crônica militante, porém nunca partidária. Foi sobretudo um democrata", diz Bernardo Buarque de Hollanda.

    CAIXA RUBEM BRAGA
    QUANTO: R$ 134,90 (736 PÁGS.)
    AUTOR: RUBEM BRAGA
    EDITORA: AUTÊNTICA

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024