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    Ministro da Cultura Marcelo Calero anima seguidores com selfies na web

    SILAS MARTÍ
    DE SÃO PAULO

    14/08/2016 02h08

    No dia seguinte ao golpe de Estado fracassado na Turquia, Marcelo Calero, o ministro da Cultura do governo interino, postou um selfie em que aparece, de camisa aberta no peito, no saguão de um hotel em Istambul. Na legenda, acalmava seus quase 16 mil seguidores, dizendo que estava "tudo tranquilo". Também reclamou do calor de matar –"40 graus na sombra".

    Quando seu ministério voltou atrás na exoneração dos diretores da Cinemateca há uma semana, e dias depois que a Polícia Federal havia deflagrado uma operação para investigar desvios de verbas pela Lei Rouanet, Calero fez mais um selfie, este no elevador, um de seus cenários favoritos. No mesmo dia, aparecera mais cedo, de camisa xadrez, reclamando do cansaço.

    Mas fãs do ministro não ligam para os desgastes da política. Os comentários em cada imagem vão de um contido "lindo!" a súplicas mais indecorosas, como "muito gato, casamos quando?" e "faz dois 'Calerinhos' comigo?".

    Desde a crise em Istambul, onde Calero participava de uma reunião da Unesco que tornaria a Pampulha patrimônio mundial da humanidade, a internet explodiu com memes sobre o "ministro gato".

    Mais de um terço das 510 imagens postadas pelo ministro em seu perfil no Instagram são selfies, alimentando a libido de seguidores homens e mulheres, que não se cansam de ver Calero no elevador, Calero na cama, Calero em casa, Calero com bebês no colo, Calero com sua avó Carmen, Calero com seus gatos.

    Dois felinos fazem companhia ao político. Um malhado, branco e marrom, já apareceu recebendo carinhos de um Calero sem camisa na cama, pronto para dormir –esse é outro tema recorrente nas suas imagens nas redes.

    Nos últimos meses, no entanto, desde que foi nomeado ministro no fim de maio, Calero baixou a voltagem sensual de seus autorretratos. Antes de assumir a pasta da Cultura, ele não hesitava em postar selfies, às vezes mais de um por dia, comentando o bronzeado em frente ao espelho da academia ou mesmo sem camisa na ilha grega de Mykonos.

    Enquanto rolava a reintegração de posse das sedes ocupadas da Funarte em São Paulo e no Rio, Calero, longe da praia, vestia uma polo vermelha da Lacoste e postou um selfie com cara de sério. Ele dizia que usaria o sábado para "tirar o cansaço do rosto".

    Enterrada na timeline debaixo de uma montanha de uivos dos fãs, estava a pergunta de alguém exigindo explicações sobre a truculência da polícia no desmanche das ocupações. Calero não respondeu, mas deu razão a outro seguidor que criticou as demissões na Cinemateca.

    Mas são raras as declarações acompanhando os selfies. Calero costuma ser mais aguerrido no Facebook, onde chegou a trocar farpas com Juca Ferreira, ex-ministro da Cultura, além de se defender de críticas de que faria um "desmonte" de seu ministério.

    Nesse sentido, ele separa os canais –a política dura fica de fora do Instagram, onde reinam os selfies, já que essa, para o ministro, seria uma rede de "teor pessoal". Segundo sua assessoria, serve para postar "fotos do dia a dia" e sem "conotação política", o que ele reserva para outras redes.

    Mesmo tendo milhares de seguidores na rede "pessoal", Calero segue pouco mais de 150 perfis no Instagram, entre eles de jovens galãs da TV, como Felipe de Carolis, Ricardo Tozzi e Sergio Marone, e de lideranças religiosas, como o papa Francisco, o padre Fábio de Melo e o Vaticano. Questionado sobre como o ministro escolhe quem seguir, seu assessor disse que Calero é "católico praticante" e segue "amigos e representantes da classe artística".

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