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    Crítica

    Ovos falantes salvam frango sem tempero em 'Cantando de Galo'

    MARINA GALEANO
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    14/08/2016 02h03

    Um frango que precisa virar galo de verdade para conseguir salvar da falência a granja em que vive. Esta é a saga de Toto, o protagonista sem tempero de "Cantando de Galo" –animação mexicana que estreou nos cinemas na última quinta-feira (11).

    Logo nas primeiras imagens, uma sensação de déjà-vu: inevitável não lembrar das carismáticas penosas de "A Fuga das Galinhas" (2000), sobre os dramas da vida num galinheiro.

    Embora também tenha personagens bonitinhos e até bem simpáticos (os ovos roubam a cena e dão certo sabor à trama), o longa não empolga. Cheio de piadas e referências manjadas, o roteiro não ajuda a produção a decolar.

    Quando descobrem que o sítio está à venda por causa das dívidas da proprietária –uma velhota rechonchuda e muito carinhosa com seus bichos–, os animais e os ovos falantes se reúnem para tomar providências. Então, o jovem frango atrapalhado, incapaz até de cantar como um galo, é convocado a virar herói.

    Para evitar a perda da granja, os bichos decidem transformar Toto em um galo bom de briga. Sim. Ele teria de entrar no ringue e lutar, descobrir seus talentos, sua real vocação. E é aí que a história apresenta um de seus pontos mais controversos.

    Em tempos do discurso politicamente correto e quando se fala tanto nos direitos dos animais, soa no mínimo estranho um filme infantil recheado de rinhas de galo.

    Claro que o tom cômico das situações, as cores berrantes e a simpatia dos personagens suavizam o tema. Mesmo assim, continuam sendo rinhas de galo.

    Polêmicas à parte, há de se admitir que a figura mais interessante do desenho surge na arena de lutas. Um ovo de terno, olheiras profundas e bigodinho faz as vezes de "O Poderoso Chefão" –o contraventor responsável por comandar as apostas e armar os duelos.

    Herança do Huevocartoon, site humorístico mexicano de sucesso, "Cantando de Galo" talvez falhe, justamente, por colocar os sarcásticos ovinhos em segundo plano. Um protagonista insosso compromete a narrativa. Mas, se acompanhado de uma boa pipoca, o filme vale o ingresso.

    CANTANDO DE GALO (Un gallo con muchos huevos)
    DIREÇÃO Gabriel e Rodolfo Riva Palacio Alatriste
    PRODUÇÃO México, 2016, livre
    QUANDO: Em cartaz

    Edição impressa

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