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    Serviço gratuito disponibiliza filmes latino-americanos pouco conhecidos

    LUCIANA DYNIEWICZ
    DE BUENOS AIRES

    16/08/2016 02h26

    Apesar de não ter sido distribuído no Brasil, o filme "La Sirga" (2012), sobre a violência no interior da Colômbia e um dos principais do cinema daquele país, está disponível ao público brasileiro desde março. Ao lado de 43 longas e 28 curtas, pode ser assistido no site retinalatina.org, uma espécie de pequeno Netflix latino-americano gratuito.

    No ar há quase seis meses, o Retina Latina é um dos novos serviços públicos de streaming. Encabeçado pelo governo colombiano, o projeto foi criado em parceria com Bolívia, Equador, Peru, México e Uruguai. Cuba, Chile e Argentina estudam a possibilidade de aderir à plataforma.

    Além de analisar o site desenvolvido pelos seis países, a Argentina tem o seu próprio, o Odeon, que foi lançado no fim de novembro do ano passado. Tanto o Odeon como o Retina foram criados para promover a produção da região, que tem na distribuição um de seus principais gargalos.

    Divulgação
    A atriz Joghis Seudin Arias em cena do colombiano ‘La Sirga’, que integra nova plataforma
    A atriz Joghis Seudin Arias em cena do colombiano "‘La Sirga"’, que integra nova plataforma

    "Os filmes [latino-americanos] enfrentam dificuldades para circular em seus próprios países de origem e ainda mais nos vizinhos", afirma Yenny Chaverra Gallego, coordenadora do Retina Latina. "A ideia é que as obras que sofrem para conseguir espaço nas salas de cinema tenham visibilidade on-line", acrescenta.

    O Brasil foi convidado para participar do projeto em 2013, quando os primeiros estudos para o site começaram a ser feitos. Segundo a Ancine, optou por ficar de fora devido aos custos.

    O orçamento dessa primeira fase do Retina é de US$ 1,185 milhão (R$ 3,7 milhões). Do total, 36% foi bancado pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e destinado a consultorias preparatórias, tecnologia e serviços de operação. O restante foi dividido entre os órgãos de cinema dos países participantes, sobretudo para a compra de direitos autorais.

    Mesmo não tendo participação na plataforma multinacional, o Brasil se beneficia dela, já que os filmes podem ser vistos em toda a América Latina.

    O mesmo não vale para o Odeon, que por enquanto é restrito ao território argentino. A abertura do conteúdo a outros países, porém, está nos planos do Incaa (Instituto Nacional de Cinema e Artes Audiovisuais), segundo Santiago Diehl, coordenador-geral do Odeon. O site, que tem 370 mil usuários e cerca de 600 títulos, incluindo séries, custou 15 milhões de pesos ao governo argentino (R$ 3,2 milhões).

    Odeon e Retina Latina têm um modelo de curadoria semelhante: as obras devem representar diferentes épocas e gêneros do cinema dos países. "Não competimos com plataformas comerciais, que precisam ter lançamentos", destaca Gallego.

    Filmes de 1937 que têm como protagonista a atriz, cantora e musa da época Libertad Lamarque estão disponíveis no portal argentino.

    No Retina, há ainda ciclos mensais. Em agosto, está no ar um sobre música e cinema. Por enquanto, o site tem 8.500 usuários.

    A Ancine informou que, apesar de não ter uma plataforma, participa de uma iniciativa chamada Pantalla CACI, que não tem custos para os países participantes. O programa é um serviço de streaming que distribui filmes ibero-americanos de forma gratuita, mas apenas para instituições de ensino e cineclubes.

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