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    Festival francês de dança leva 70 espetáculos a 15 cidades brasileiras

    IARA BIDERMAN
    DE COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    18/08/2016 02h00

    Uma grande ocupação francesa começa nesta quinta (18), em Petrópolis, região serrana fluminense, e se estende até 15 de novembro por diversas regiões do país.

    O "France Danse", programa do Institut Français para difusão da dança contemporânea do país, vai ser realizado pela primeira vez no Brasil. A 16ª edição do festival, que já passou por Europa, Ásia e América do Norte, promete ser a maior do projeto, iniciado em 2007.

    Durante quase três meses serão apresentados 70 espetáculos de companhias francesas –em 2014, nos Estados Unidos, foram 66 sessões; no ano passado, houve uma edição reduzida na Rússia, com apenas cinco coreógrafos.

    Serão cerca de 150 profissionais que trabalham na França, de nomes conhecidos (como os coreógrafos Jérôme Bel e Maguy Marin) a artistas que só recentemente despontaram no cenário internacional.

    Eles circularão por 15 cidades brasileiras, de Fortaleza a Porto Alegre. Além de encenarem espetáculos, participarão de seminários, workshops e residências artísticas.

    O governo da França, por meio do Institut Français e do Ministério das Relações Exteriores, vai bancar entre 50% e 60% do programa, cujo custo, segundo os organizadores, ainda não é possível calcular.

    É uma espécie de orçamento "em processo", fragmentado em parcerias: instituições como o Sesc, o Centro Cultural Banco do Brasil e a Aliança Francesa, administradores de teatros públicos e privados, produtoras de turnês comerciais e organizações de mostras de teatro e dança.

    Cada um entra com uma parte da produção, da cessão do espaço ao investimento direto. Alguns festivais brasileiros, como o Filo (Londrina) e a Bienal Internacional de Dança do Ceará, incorporaram o evento à sua programação.

    O mosaico de parcerias, diz a organização do France Danse, é uma forma de viabilizar um grande evento em tempos de crise econômica e patrocínios escassos e contribui para a diversidade do repertório.

    "A escolha de companhias e bailarinos foi feita em conjunto entre a equipe do festival e os parceiros brasileiros", afirma João Carlos Couto Magalhães, coordenador-geral do evento no Brasil.

    "A grade de programação é equilibrada entre profissionais consagrados e pouco conhecidos, coreógrafos homens e mulheres e profissionais de nacionalidade francesa e estrangeiros sediados na França", diz Magalhães.

    Alguns espetáculos serão criados em conjunto com grupos nacionais ou montados com elenco franco-brasileiro.

    É o caso de "Nos", coreografia de Fabrice Ramalingom para três bailarinos brasileiros, com ensaios programados para novembro, no Rio de Janeiro, e que tem previsão de ir ao festival de Montpellier (França) em 2017.

    Na mesma linha, "Gala", criado em 2015 por Jérôme Bel, será montada com um elenco misto de profissionais de dança e amadores escolhidos em São Paulo e no Rio.

    E o seminário "Ida-e-Volta", com curadoria de Cassia Navas, da Unicamp, e Isabelle Launay, da Université Paris 8, reunirá em São Paulo e em Fortaleza encontros entre pesquisadores dos dois países.

    A intenção dos organizadores é, a partir do primeiro France Danse Brasil, criar um fundo para projetos compartilhados que se estendam após o fim das atividades do evento de 2016.

    Encontros para discutir políticas públicas para a dança também estão no horizonte. A França é conhecida por modelos bastante eficazes, como os centros coreográficos regionais, mas a "missão diplomática da França" não pretende exportar fórmulas prontas.

    "Não queremos explicar aos brasileiros como se faz a lição. Cada país deve encontrar seus modelos, de acordo com suas diferenças", afirma Inès da Silva, adida cultural do consulado da França em São Paulo.

    *

    destaques do festival

    MAGUY MARIN
    Ao som de música techno, a coreógrafa discute em "BiT" a sociedade contemporânea. Em Porto Alegre, Belo Horizonte e São Paulo

    JÉRÔME BEL
    O coreógrafo traz "The Show Must Go On", com músicas dos últimos 30 anos, no Rio, e "Gala", com bailarinos deficientes, em São Paulo

    FABRICE LAMBERT
    O bailarino e coreógrafo apresenta dois solos em que ele mesmo atua: "Nervures", em Petrópolis, Rio e Londrina; e "Gravité", em Florianópolis

    KÄFIG
    O grupo de Mourad Merzouki explora o hip-hop e a tecnologia em "Pixel". Em Belo Horizonte, Paulínia, Rio, São paulo, Curitiba e Salbador

    CHRISTIAN RIZZO
    No solo "Sak?nan göze çöp batar", Rizzo fala de melancolia e exílio. As apresentações acontecem em Fortaleza, Londrina e São Paulo

    FABRICE RAMALINGOM
    Encena "Hyperterrestres" em Fortaleza, "Mar" em Natal e Recife, e "Conférence Dansée" em Porto Alegre e São Paulo

    Há entradas gratuitas e ingressos a até R$ 80; a programação completa está no site www.ambafrance-br.org/-FranceDanse-Brasil

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