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    Interventor do Municipal deixa prefeitura por atrito com Haddad

    GUSTAVO FIORATTI
    DE COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    19/08/2016 02h06

    Nomeado, em fevereiro, interventor da prefeitura no Instituto Brasileiro de Gestão Cultural, organização social que administra o Municipal, o advogado Paulo Dallari pediu demissão de seu cargo nesta semana, após divergências internas com o maestro John Neschling, diretor artístico da casa.

    A intervenção expira neste mês, com a chegada de um novo gestor, Pedro Gattoni. Mas Dallari poderia prosseguir como funcionário da Fundação Theatro Municipal ou retomar um cargo na prefeitura. Antes de virar interventor, ele foi chefe de gabinete de Haddad e da Secretaria de Comunicação.

    Segundo nota da prefeitura, "Dallari comunicou ao prefeito que dará os trabalhos por concluídos no final do prazo, no dia 22 de agosto, e que não vê necessidade de estender o trabalho".

    A Folha apurou que a razão do pedido de demissão foi um confronto com Haddad. Dallari cobrou do prefeito o afastamento de Neschling, investigado no Ministério Público e em CPI na Câmara. Haddad decidiu manter o maestro.

    Em nota, o prefeito disse: "Há um órgão que criei na prefeitura que se chama Controladoria Geral do Município. Tudo que faço para punir, não punir, para aguardar ou não aguardar, é baseado na opinião técnica desse órgão".

    "Desde o início da intervenção no Municipal e no IBGC tenho me apoiado na CGM para tomar minhas decisões", diz, citando o afastamento de Herencia.

    O texto diz que o prefeito seguirá a decisão da controladoria sobre o maestro e Nunzio Briguglio Filho, secretário de Comunicação, também investigado. "Se ela determinar o afastamento, serão afastados. Se ela determinar a manutenção, serão mantidos".

    Procurado, Dallari não quis dar entrevista.

    *

    ENTENDA O CASO

    NOV.2015
    José Luiz Herencia, então diretor-geral da Fundação Theatro Municipal, pede exoneração do cargo. Em dezembro, após apreensões em seus imóveis, passa a responder inquérito no Ministério Público. A Controladoria Geral do Município identifica rombo milionário nas contas do Theatro, relacionadas a esquema de superfaturamento de óperas

    FEV.2016
    Herencia tem bens bloqueados na Justiça. A Promotoria faz nova apreensão no Instituto Brasileiro de Gestão Cultural, organização social responsável pelas contas do teatro. William Nacked, seu diretor, é afastado do cargo e Paulo Dallari assume a administração geral do Municipal como interventor

    MAR.2016
    Com acordo de delação premiada, Herencia envolve outros agentes do Theatro na investigação. Aponta conflitos de interesse em contratações que envolvem um agente internacional de John Neschling, diretor artístico

    JUN.2016
    Câmara abre CPI do Theatro Municipal. No mês seguinte, Carlus Padrissa, diretor do grupo Fura Dels Baus, atesta no Ministério Público que o agente de Neschling no exterior, Valentin Proczynski, cobrou valor maior do teatro do que aquele que deveria ser pago ao grupo. Relatório da Controladoria aponta que rombo nas contas do teatro são de R$ 15 milhões

    AGO.2016
    Justiça autoriza a quebra de sigilo dos e-mails do maestro John Neschling, pedida pelo Ministério Público do Estado. A comissão da Câmara dos Vereadores faria o mesmo pedido à Justiça, porém este foi cancelado antes da votação pelo relator da CPI, o vereador petista Alfredinho

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